Economia

Cresce o risco de que a inflação supere o teto da meta em 2014

A inflação oficial de 2013, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada na sexta-feira, 10, ficou em 5,91%

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 11/01/2014 às 16:57

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Cresce o risco de que a inflação deste ano supere o teto da meta de 6,5% traçada pelo Banco Central. Além do avanço dos preços administrados, que em 2013 tiveram alívio por causa das intervenções do governo - o que não deve se repetir -, a desvalorização do câmbio que pode aumentar devido às eleições, os serviços ainda pressionados em razão do vigor do mercado de trabalho e a alta de preços provocada pela Copa são apontados pelos analistas como fatores que podem fazer com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) desande em 2014.

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A inflação oficial de 2013, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada na sexta-feira, 10, ficou em 5,91%. Apesar de todo o esforço do governo para conter a alta do índice, o resultado ultrapassou as expectativas do mercado. Também frustrou a meta do próprio governo, que era fechar o ano com IPCA inferior ao de 2012, de 5,84%.

"O mais provável é que a inflação de 2014 fique acima de 6,5%", afirma o professor da Faculdade Economia e Administração da Universidade de São Paulo, Heron do Carmo.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, faz coro com Heron e traça cenário de um IPCA em torno de 6,5% em 2014. Segundo o economista, o IPCA de 2013 indica um quadro "preocupante" para a inflação neste ano que dificilmente registrará alta de preços inferior à do ano passado. "Temos um IPCA que não está num nível real, está abaixo, e pela necessidade de ajustes nos próximos anos as desonerações vão começar a ser repensadas, o que deve ter impacto nos preços."

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Cresce o risco de que a inflação deste ano supere o teto da meta de 6,5% (Foto: Divulgação)

Nas previsões da sócia da Tendências Integrada, Alessandra Ribeiro, a inflação deve encerrar 2014 em 6%, sem considerar um reajuste nos combustíveis e nas tarifas de transporte público em São Paulo. O cenário prevê a desaceleração dos preços livres para 6,5% e a aceleração dos administrados para 4,3%. "Caso algo dê errado, como um comportamento mais adverso do câmbio ou maior pressão dos alimentos, o espaço para acomodação de choques é reduzido. Isso significa que o risco de que o teto da meta seja ultrapassado é relevante", afirma.

Choque

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O economista da Rosenberg Associados, Fernando Parmagnani, acredita que o cenário mais provável para a inflação deste ano é abaixo de 6%. De toda forma, ele ressalta que o quadro é "perigoso". "Se ocorrer um choque, como alta das commodities em razão da recuperação da economia mundial, por exemplo, a inflação pode desandar", observa.

Como a inflação deve ser pressionada por vários fatores, como a aceleração dos preços administrados e o câmbio, por exemplo, Parmagnani explica que haveria pouco espaço para absorver eventuais choques de preços dentro da previsão de 6%. Uma das preocupações apontadas pelo economista é a pressão dos preços dos serviços, que continuam em patamares elevados. Em 2012, os serviços acumularam alta de 8,75% e no ano passado, de 8,73%. "Com a Copa do Mundo haverá maior demanda por serviços e isso é fonte de preocupação."

Já o economista da LCA Consultores, Fábio Romão, diz que o cenário mais provável de inflação para 2014 é de 6%. Mas ele destaca que "não é pouco". Apesar de considerar que os preços monitorados vão dar um salto neste ano, passando de uma variação de 1,5% em 2013 para 4,3% em 2014, Romão pondera que os preços livres vão desacelerar. Em 2013, os preços livres subiram 7,3%. Para este ano, ele projeta alta de 6,5%.

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