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Apesar do cenário internacional desfavorável, a atividade da construção civil brasileira foi beneficiada por fatores internos positivos, mostra a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento da economia brasileira foi bem menor em 2011 (2,7%) do que em 2010 (7,5%). Isto se deu devido à baixa expansão econômica de 2009, período que serviu de comparação, em decorrência da crise financeira externa iniciada no ano anterior.
O economista Fernando Abritta, da Coordenação de Indústria do IBGE, disse que a atividade da construção cresceu acima do Produto Interno Bruto (PIB), a soma dos bens e serviços fabricados no país, mostrando expansão de 4,5% em 2011, influenciada por vários fatores diretamente relacionados ao setor.
Um exemplo é a maior oferta de crédito imobiliário com recursos da poupança, que atingiu montante de R$ 79,9 bilhões, com aumento de 42,2% em comparação a 2010. Em 2003, o valor financiado com recursos da poupança somou R$ 2,2 bilhões.
“O número de unidades financiadas também cresceu de 36.480, em 2003, para quase 500 mil”, disse o economista. De 2010 para 2011, o crescimento foi menor, “porque já vinha crescendo anteriormente”. Apesar disso, o número de unidades financiadas passou de 421 mil para 492 mil, enquanto o valor financiado subiu de R$ 56,2 bilhões para quase R$ 80 bilhões.
A pesquisa revela que, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o total de moradias financiadas alcançou 477 mil, em 2011, com valor de R$ 34,9 bilhões. O acréscimo registrado chegou a 27,9%, em relação a 2010. Fernando Abritta disse que os financiamentos com recursos do FGTS envolvem não só unidades habitacionais, mas também obras urbanas, reformas, saneamento.
“O financiamento imobiliário se expandiu e isso contribuiu para o crescimento da atividade [da construção]”. Outro fator de destaque para a evolução do setor foram os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras de infraestrutura, que mostraram expansão de 7,1% subindo de R$ 52,4 bilhões, em 2010, para R$ 56,1 bilhões, no ano seguinte.
Em relação ao emprego na indústria da construção, Abritta disse que o incremento observado em 2011 foi menor que em 2010, “o ano mais forte da economia”. As admissões líquidas no setor somaram 149 mil. Já a renda familiar cresceu 2,7%, enquanto o consumo das famílias subiu 4,1%.
A atividade foi beneficiada ainda pela manutenção da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos insumos da construção, além dos programas governamentais Programa para Aceleração do Crescimento (PAC) e Programa Minha Casa Minha Vida. “Também foram investimentos importantes para o setor”.
Tendo em vista estes fatores, o valor adicionado nominal da indústria da construção teve uma variação acumulada de 115,4% entre 2007 e 2011, passando de R$ 62,7 bilhões para R$ 135 bilhões, revela a pesquisa.
Os investimentos efetuados em ativos imobilizados pelas empresas da indústria da construção somaram R$ 9 bilhões, em 2011, com destaque para as aplicações em máquinas e equipamentos, que representaram 40,4% do total investido.
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