Economia

Conta de água sobe com a tarifa de luz

Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, empresas de saneamento e agências reguladoras avaliam as contas de energia para calcular suas tarifas ao consumidor

Publicado em 31/01/2015 às 17:33

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Os reajustes das tarifas de água não estão sendo puxados apenas por medidas que buscam a redução do consumo, como já ocorre em São Paulo. O custo da energia, cada vez mais alto, passou a pesar ainda mais nas operações das empresas de saneamento. Esse impacto financeiro, que até o ano passado era absorvido pela maioria dos fornecedores de água, começa a chegar às contas dos consumidores. O Banco Central estima um aumento de 27,6% na conta de luz em 2015.

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No Distrito Federal, a conta d’água vai sofrer um reajuste de 16,20% a partir de março. No ano passado, o aumento foi de 7,39% Em Campinas (SP), a tarifa ficará 11,98% mais salgada a partir de fevereiro - em 2014, a alta foi de 6,63%. Esses aumentos embutiram efeitos como inflação e investimentos, mas foram bastante influenciados pela conta mais cara de energia.

Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, empresas de saneamento e agências reguladoras avaliam as contas de energia para calcular suas tarifas ao consumidor. A Sabesp reajustou a conta de água em 6,49% em novembro. Esse aumento, no entanto, não considerou o reajuste nos custos da energia, diz a Agência Reguladora de Saneamento e energia do Estado de São Paulo (Arsesp). A Sabesp, no entanto, poderá solicitar à Arsesp uma revisão tarifária extraordinária antes do novo reajuste previsto para novembro. Questionada, a companhia declarou que não comentaria o assunto.

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No Rio, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) analisa como absorverá a alta de 15,7% na energia fornecida pela Ampla e de 20% da Light em 2014. "Já sabemos que essas empresas podem ter mais dois reajustes neste ano. A pressão sobre a conta de água já vem acumulada do ano passado. Portanto, o momento exige análise constante", disse Marco Abreu, diretor de projetos estratégicos de sustentabilidade da Cedae.

Pesada. A energia costuma ser o segundo maior gasto das empresas de saneamento, só atrás do peso da folha de pagamento. Em média, as empresas de tratamento de água e esgoto gastam 20% de seus recursos para pagar conta de luz. A folha de pessoal consome cerca de 40%.

Em Belo Horizonte, a agência reguladora Arsae-MG já admite que os reajustes de água deste ano, previstos para maio, terão impacto da conta de luz. "Ainda é cedo para falar sobre índices para Belo Horizonte, mas certamente teremos que refletir esses custos, de acordo com os gastos de cada empresa", diz Antonio Caram Filho, diretor-geral da Arsae-MG.

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No Recife, a Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) analisa o reajuste da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que passa a vigorar partir de 17 de fevereiro. "Estamos avaliando os efeitos do aumento de custos com energia. Houve um aumento desproporcional no último ano", diz Hélio Lopes Carvalho, diretor de regulação econômico-financeira da Arpe. "Prevíamos um aumento de 6,5% no custo de energia, mas ficou na casa dos 20%. Estamos analisando esse impacto. Pode ser que venha a resultar na necessidade de fazer compensação para cobrir despesa com energia elétrica."

Pressão financeira. O saneamento básico é um dos setores que mais consomem energia elétrica no Brasil. Em 2014, o segmento representou cerca de 3% do consumo total do País. A despesa do setor com energia elétrica ultrapassou os R$ 3 bilhões em 2013 e dá sinais de que cresceu no ano passado. A pressão financeira levou a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) a iniciar uma campanha para pedir a redução do ICMS e do PIS que incidem sobre a conta de luz. Hoje, a área de saneamento já é beneficiada com política setorial. Concessionárias de água e esgoto têm desconto de 15% em suas tarifas. "Isso não está sendo suficiente e já está expresso nas tarifas atuais. Aumento da conta de luz significa reajustes mais altos na conta de água, o que leva a mais inadimplência", diz Flávio Ferreira Presser, vice-presidente da Assemae.

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