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O reajuste dos combustíveis ainda neste ano é inevitável, na avaliação de representantes de algumas das principais entidades do setor de etanol. A Petrobras vem pleiteando um aumento nos preços da gasolina e do diesel para compensar a defasagem com o mercado internacional, mas o governo federal tem dado sinais divergentes sobre uma possível revisão nos próximos meses.
Em paralelo à discussão, a cadeia sucroalcooleira torce para que saia a decisão favorável à estatal. A competitividade do etanol está involuntariamente atrelada aos preços da gasolina, que serve de teto para a tabela do biocombustível. "Dependo do meu competidor para ter acesso ao mercado, é muito triste", afirma o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio, que também é diretor da consultoria Canaplan, voltada à cana-de-açúcar.
Apesar de não atender à principal reivindicação do setor sucroalcooleiro, de formação de uma política clara de combustíveis, que dê previsibilidade ao investidor, um aumento de preço da gasolina deve acalmar o mercado do álcool, principalmente o do hidratado, competidor direto. Corrêa Carvalho acredita que a revisão saia neste ano, porém o porcentual deve ficar abaixo do intervalo de 25% a 30%, estimado para defasagem dos preços da gasolina.
Por outro lado, a demora do governo federal em conceder a correção pode comprometer os investimentos na expansão dos canaviais, que refletirão em ampliação da oferta de etanol no futuro, avalia o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Junqueira Franco. Ele alerta para o fato de que as decisões dos usineiros neste ano, de alocação de recursos no plantio de cana-de-açúcar, seriam aplicadas somente na safra que começará em 2014. Por sua vez, o resultado do crescimento desta produção de etanol só seria sentido em 2015.
"Se o governo adia uma decisão de reajuste, com certeza, o setor também adiará uma eventual expansão de plantio, o que vai resultar em uma retração da oferta de etanol", declara Franco. "Ao perdurar essa situação até o final do ano, teremos mais um ano perdido para investimento em ampliação dos canaviais brasileiros", acrescenta.
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