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O ministro Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) afirmou nesta terça-feira (25) que o país já perdeu US$ 12 bilhões neste ano em receitas de exportação com a queda dos preços das commodities e que os prejuízos tendem a se acentuar se as turbulências na China se agravarem.
Os preços das commodities passaram a cair nos últimos três anos, após um longo ciclo de alta, como resultado, principalmente, da desaceleração do crescimento da China.
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"O mundo inteiro nessa hora tem os olhos voltados para a China, está acompanhando o desenrolar dessa crise e desse momento de instabilidade", disse o ministro, após participar de um seminário sobre política industrial. "O Brasil já sente os efeitos dessa desaceleração. Se houver um agravamento da situação, é evidente que teremos um efeito maior."
As exportações brasileiras somaram US$ 113 bilhões de janeiro a julho, queda de 15,5% em relação ao mesmo período de 2014.
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Nas últimas semanas, as Bolsas chinesas sofreram fortes quedas, que se acentuaram na última segunda-feira (24), gerando turbulência nos mercados mundiais.
Apesar de dizer que o momento gera preocupação, Monteiro ponderou que o fato de a economia brasileira ser relativamente fechada minimiza o impacto da queda das exportações sobre o PIB (Produto Interno Bruto). Ele também disse esperar que a instabilidade leve o banco central americano a postergar uma elevação na taxa de juros, o que pode contribuir para uma estabilização do cenário.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que ainda é cedo para avaliar o impacto da crise na China sobre a economia global e brasileira, mas frisou as notícias são graves e que "estamos suscetíveis a uma grande mudança no cenário econômico mundial".
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Depois de apresentar em seminário projeções do governo apontando para uma recuperação da atividade no Brasil a partir do último trimestre de 2015, ele reconheceu que as estimativas poderão ter de ser revistas a depender de o que ocorrer na China.
Oliveira afirmou, ainda, que no ano que vem o país tem de estar preparado para fazer um "esforço adicional" em sua política fiscal.
"Toda essa perspectiva de retomada de crescimento depende de que a gente tenha uma estabilidade fiscal e de o governo demonstre uma capacidade de recuperação", afirmou.
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Crise na China
A perda de valor das ações segue sinais de desaceleração da economia chinesa, cujo PIB aumentou 7% no segundo trimestre de 2015 -o crescimento de 7,4% em 2014 já havia sido o menor desde 1989.
A desconfiança sobre o país aumentou após o Banco Central chinês ter flexibilizado a cotação da moeda no dia 11 de agosto de forma que o yuan se tornasse mais suscetível às variações de mercado. Desde então, a instabilidade gerada fez com que os mercados de ações globais perdessem mais de US$ 5 trilhões em valor.
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Naquele dia, a taxa de referência para a variação do preço da moeda foi desvalorizada em 2%, o que significou uma desvalorização de fato de 1,81% do yuan. Foi a maior depreciação da moeda desde o fim do câmbio fixo, em 2005. Ela foi seguida por mais dois dias de quedas.
Apesar de o governo chinês classificar a desvalorização como pontual, o mercado levantou a suspeita de que ela duraria mais tempo, e indicava uma forte preocupação com a desaceleração da economia do país -um yuan mais fraco tende a tornar os produtos do país mais baratos para o resto do mundo e, consequentemente, a aumentar as exportações.