Fernando Frazão/Agência Brasil
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A Black Friday da pandemia foi sem filas nas portas das lojas e com muita pesquisa de preço online. A antecipação das promoções pela maioria das grandes redes e a inclusão de mais consumidores no comércio digital também podem ter tido efeito sobre o movimento nas lojas físicas.
Até as 18 horas, 5,9 milhões de pedidos haviam sido fechados no comércio digital, segundo a Neotrust/Compre&Confie. O volume é inferior aos 10 milhões projetados pela consultoria. O faturamento esperado era de R$ 6,6 bilhões, mas ficou em R$ 3,9 bilhões.
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André Dias, fundador da Neotrust, atribui o resultado abaixo do esperado à diluição das compras nos dias anteriores à data principal. De segunda quarta, o comércio digital faturou R$ 1,8 bilhões em 4,1 milhões de pedidos. O resultado representa um aumento de 109% ante o mesmo período do ano passado.
"As ações de antecipação de compras normalmente não davam certo, as pessoas deixaram para o dia final, mas nesta última semana houve uma aceleração nas compras", afirma.
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A Ebit|Nielsen também verificou movimento menor de compras online na madrugada de quinta para sexta, na comparação com anos anteriores, o que pode indicar os clientes fizeram suas escolhas antecipadamente.
Para Júlia Ávila, líder da consultoria, o cenário está ligado a novos comportamentos dos consumidores, que vêm acompanhando os preços. "As pessoas ficaram em casa trabalhando e não precisaram passar a noite em claro para acompanhar alguma oferta", diz.
No varejo físico, o movimento aumentou na parte da tarde, mas não houve aglomeração ou fila.
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Weviley Martins, gerente do Magazine Luiza da Marginal Tietê, na zona norte da capital, o baixo movimento era consequência da estratégia da rede, que veio apresentando promoções durante do o mês.
"Fizemos a maior Black Friday de todos os tempos, chegamos a dar até 80% de desconto. Temos milhões de produtos em estoque e por isso conseguimos vender mais barato", disse.
A loja restringiu o acesso a 170 pessoas por vez, número consideravelmente menor do que os 1.256 que comportava no período pré-pandemia -e nem a redução drástica resultou em fila na porta.
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Mesmo quem foi até o comércio físico seguiu acessando o ecommerce para comparar preços. Antes de fechar a compra de um notebook, a dona de casa Maria Teresa Romualdo e o marido, o vendedor Mauro César Furlan, reforçaram as pesquisas para ter a certeza de fazer a melhor compra.
Estavam frente a frente aos produtos escolhidos, mas passaram um tempo no celular, conferindo os preços. Por fim, levaram o que a loja tinha disponível. "Viemos porque ele gosta de pegar na mão antes de comprar", diz Maria Teresa.
Para a aposentada Florisa Pierina D'Agostini, a Black Friday foi uma oportunidade de sair de casa em meio ao confinamento imposto pela pandemia. "É bom pra passear um pouco, né?". Voltou para casa com panelas novas.
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Em busca de um sofá, a farmacêutica Cibele Venâncio diz que o produto que queria levar para casa estava mais barato no site da do Magazine Luiza. Ela conseguiu testar o produto, objetivo que a levou à loja, e relatou ter se sentido mais confortável para entrar no comércio quando viu que não havia aglomeração. "Se tivesse mais cheia, eu não teria entrado", diz.
A rede Magazine Luiza diz que não diferencia as ofertas disponíveis nas lojas físicas e no ecommerce. "Nossos produtos com preço especial de Black Friday estão sinalizados com selo da promoção, nas lojas e no superaplicativo Magalu", afirmou, em nota.
Nas Casas Bahia da Praça Ramos, região central de São Paulo, havia pouco espaço de locomoção entre caixas e clientes - mas nada que se comparasse a imagens de anos anteriores de pessoas aglomeradas brigando por produtos.
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Em 2020, a queixa mais comum dos consumidores, segundo o site Reclame Aqui, é a mesma registrada em anos anteriores: a maquiagem de promoções. Isso acontece quando as lojas elevam os preços de produtos alguns dias antes, de modo que o desconto aplicado deixa o valor igual ao anterior à elevação.
O que mudou, diz Felipe Paniago, diretor de marketing do Reclame Aqui, é o tipo de produto que vem sendo alvo de reclamações. Até o ano passado, equipamentos eletrônicos, como celulares e notebooks, eram alvo da maioria das queixas.
Já em 2020, entre os líderes de reclamações estão tênis, peças de vestuário, itens de decoração e eletroportáteis.
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Segundo Paniago, a faixa de descontos está parecida com a de anos anteriores, entre 15% e 20%. O desconto máximo dificilmente passa de 30%.
Até o meio-dia desta sexta, o Reclame Aqui registrou 6.320 reclamações, um aumento de 33% na comparação com o ano passado. Entre 12h e 18h, foram 7.980 queixas, 10,7% a mais do que em 2019.
No Procon-SP, o último balanço foi o das 13 h, quando 338 queixas tinham sido registradas, 62% mais do que em 2019.
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As empresas com mais reclamações são a B2W (dona de Americanas, Submarino, Shoptime e Soubarato), Via Varejo (Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com), Kabum, Mercado Livre, Magazine Luiza e Pão de Açúcar.
Em nota, a B2W afirma que fortaleceu sua operação para a Black Friday e que está atuando para solucionar rapidamente todas as questões. A empresa diz que o percentual de reclamações é baixo em relação ao total de pedidos recebidos.
O Mercado Livre diz em nota que está analisando as queixas dos consumidores. A Via Varejo afirma que a maioria das reclamações registradas pelo Procon são "casos pontuais" e estão sendo solucionadas.
Em nota, a Magazine Luiza diz que tem respondido às reclamações dos clientes e afirma que o número de queixas registradas no Procon-SP é inferior a 0,001% do total de pedidos realizados nesta Black Friday.
O Pão de Açúcar afirma que todas as reclamações serão respondidas e que o volume registrado indica "questões pontuais". Procurada, a Kabum não respondeu.
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