Aumento de 68% na importação de lácteos derrubou preços pagos pelos laticínios

O preço do leite fechou 2023 valendo 22,9% menos na porteira da fazenda, na comparação com os valores apurados em dezembro de 2022. E essa cotação é em termos reais, ou seja, já descontada a inflação oficial medida pelo IBGE ao longo de 12 meses.

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No campo, o leite cru (sem pasteurização) fechou dezembro valendo R$ 2,033/litro na Média Brasil, índice apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Escola de Agronomia da USP. A Média Brasil leva em conta os preços pagos pelos laticínios aos pecuaristas nas principais bacias leiteiras de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia.

E ao longo de 2023, o mercado se comportou de maneira pouco usual, com quedas sucessivas no valor repassado aos pecuaristas em plena entressafra, o chamado período das vacas magras no inverno, e alta na remuneração paga pelos laticínios no auge da safra, em novembro e dezembro.

O motivo para essa anomalia foi o aumento de 68,8% na importação de lácteos em 2023, na comparação com o ano anterior. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Com isso, as compras externas no ano passado somaram 2,25 bilhões de litros. Só em dezembro, 226,2 milhões de litros foram importados, o maior volume desde setembro de 2016, segundo a Secex.

A valorização do leite cru em dezembro se deveu à oferta limitada do produto no campo, o que vem acirrando a disputa entre os laticínios. O Índice de Captação Leiteira do Cepea/USP caiu 1,64% de novembro para dezembro. Além da questão climática, as margens espremidas dos pecuaristas explicam a menor produção de leite neste momento, no auge da safra.