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As saídas de dólares do país superaram as entradas, gerando saldo negativo de US$ 2,044 bilhões, neste mês, até a última sexta-feira (26), de acordo com dados divulgados hoje (31) pelo Banco Central (BC).
De janeiro a 26 de julho, o saldo do fluxo cambial está positivo em US$ 7,491 bilhões. O fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) registrou saldo positivo de US$ 15,016 bilhões, enquanto o segmento financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) ficou negativo em US$ 7,526 bilhões.
No mês, até o dia 26, o fluxo financeiro foi responsável pelo saldo negativo de US$ 201 milhões. O fluxo comercial também ficou negativo em US$ 1,843 bilhão.
No dia 3 deste mês, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados. Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior poderiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos. A medida aumenta a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.
De acordo com os dados do BC, as operações de pagamento antecipado ficaram em US$ 2,824 bilhões, neste mês, até o dia 26. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) chegaram a US$ 2,609 bilhões. Nesses valores estão incluídas as exportações, que totalizaram US$ 14,737 bilhões. As importações ficaram em US$ 16,579 bilhões, nas quatro semanas de julho.
Além da medida para estimular a entrada de dólares no país e, com isso, ajudar a reduzir a cotação da moeda, o BC também retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com a medida, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair.
O BC também tem feito operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, para tentar suavizar a alta do dólar. Na manhã de hoje (31), o BC já realizou três operações de swap cambial.
Desde o fim de maio, o mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos. Se houver redução de estímulos, o volume de moeda norte-americana em circulação cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.
Ontem (30), devido à expectativa em relação à reunião do Fed, o dólar fechou no maior nível em mais de quatro anos. O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 2,2805, com alta de 0,45%. O valor é o mais alto desde 1º de abril de 2009, quando a moeda norte-americana fechou em R$ 2,2810.
A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed iniciou-se ontem e tem continuidade hoje(31). O encontro indicará se o Banco Central norte-americano pretende acelerar a retirada dos estímulos monetários ou se começará a agir somente perto do fim do ano.
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