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A inflação no setor de serviços, que vinha sustentada pelo aumento na renda das famílias, ajudou em junho a aumentar ainda mais a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fugindo do teto da meta do governo, de 6,5%. No entanto, após o repique registrado durante a Copa do Mundo, o ritmo de aumento de preços no segmento deve finalmente arrefecer, diante da desaceleração nos ganhos reais dos trabalhadores.
A expectativa é de que a inflação de serviços desacelere em até um ponto porcentual até o fim do ano, prevê a economista Adriana Molinari, da consultoria Tendências. Até o IPCA de junho, a inflação de serviços teve alta de 9,2% no acumulado em 12 meses. Adriana estima que os preços ligados a essa atividade encerrem 2014 com um aumento de 8,2%, resultado menor do que o observado em 2013, quando a alta foi de 8,75%.
"A tendência é de que o IPCA de julho traga já um arrefecimento de alguns serviços, principalmente nos preços relacionados à Copa", concorda o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Os preços de hotéis e passagens aéreas explodiram em junho, com altas de 25,33% e 21,95%, respectivamente, segundo os dados do IPCA, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "No IPCA de julho e agosto, a expectativa é de que os itens de recreação voltem a refletir os preços de maneira mais normal", diz Adriana, da Tendências Consultoria.
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Além da devolução dos reajustes que ocorreram na esteira da demanda adicional dos turistas, Adriana espera um desaquecimento da economia - o que potencializa um avanço menos intenso dos preços. "Há expectativa de arrefecimento da atividade, bem como menor aumento da ocupação e da renda das famílias", explica.
Na avaliação do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a moderação no mercado de trabalho deve ser o principal fator a conduzir a desaceleração nos preços de serviços.
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Vagas. Na Pesquisa Mensal de Emprego de junho, divulgada apenas parcialmente pelo IBGE por causa da greve dos servidores, a tendência de baixa geração de vagas persistiu nas quatro das seis regiões metropolitanas que tiveram os dados divulgados. Além disso, houve queda no rendimento real dos trabalhadores em todos os locais na comparação com maio - em São Paulo, o recuo foi de 1,6%. A redução ocorreu até nos salários nominais, o que mostra que as perdas não decorrem apenas da inflação no período.
"Os dados de São Paulo sugerem que esse processo já está em curso", diz Perfeito. "A expectativa agora é de que se criem cada vez menos vagas e até se destruam algumas", acrescenta.
Embora o Mundial de Futebol tenha dado combustível para reajustes no setor, que se viu confortável para aumentos de preços graças ao aumento na demanda, a confiança dos empresários de serviços está no pior patamar desde abril de 2009 (aos 103,5 pontos), quando o País passava por ajustes após a crise financeira internacional, aponta a Sondagem de Serviços de junho do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
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Em junho, os indicadores confirmam a percepção do setor de um cenário pouco favorável no segundo trimestre e para os próximos meses, disse o economista Silvio Sales, consultor do Ibre/FGV. "A queda da confiança é disseminada pelos segmentos e atinge de modo persistente tanto as avaliações sobre o momento atual quanto as expectativas", diz Sales.
A Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE, também mostra uma acomodação no ritmo de crescimento. A receita acumulada em 12 meses até maio cresceu 8,2%. Mas esse porcentual está em termos nominais, sem descontar a inflação no período, que foi bastante elevada.
Para o ano que vem, a tendência de desaceleração da inflação de serviços deve continuar, no contexto de um novo ciclo de elevação dos juros básicos esperado para 2015, além de maior austeridade fiscal, prevê a Tendências. A consultoria espera uma alta de 7,4% nos preços de serviços em 2015.
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