A conta de luz compromete 4,5% do orçamento familiar, porém esse impacto pode ser bem maior para quem trabalha remotamente / Agência Brasil
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O funcionário público federal P.G., de 49 anos, está trabalhando remotamente desde que a pandemia do novo coronavírus começou. A mudança na rotina de trabalho, somado ao fato de que a esposa e o filho também passaram a trabalhar e estudar on-line, representou um aumento significativo no orçamento familiar, que tem ficado cada vez mais apertado com as últimas altas na energia elétrica, no gás de cozinha e nos alimentos.
“Quando todo mundo passou a ficar em casa, eu já notei um aumento expressivo nos gastos. Mas, havia uma mudança de rotina, então acredito que era compreensível. Agora, vejo que estou gastando mais, não por uma mudança de hábito, mas pelo fato de tudo estar subindo. A minha conta de luz de agosto do ano passado, por exemplo, foi de R$ 190, já em agosto deste ano, ela ultrapassou os R$ 260. O problema é que tudo sobe, mas não temos aumento salarial e nem ajuda de custo para arcar com tudo isso”, relata P.G, que prefere não se identificar.
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O relato do funcionário público vem de encontro ao que foi constatado por uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), que aponta que o home office pode encarecer as contas em até 25%, especialmente no contexto atual de sucessivos aumentos na conta de luz.
“Esse ano, a conta de luz já subiu mais de 20% e a meta de inflação é de 3,75%. Entretanto, com tudo que vem acontecendo, a nossa estimativa de inflação para este ano é de 8,7%, bem acima da meta, e mesmo assim a energia tende a subir o dobro da nossa estimativa, sendo um dos motores da inflação de 2021”, explica o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE.
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Conta de luz x home office.
De acordo com Braz, em média, a conta de luz compromete 4,5% do orçamento familiar, porém esse impacto pode ser bem maior para quem trabalha remotamente. “A questão do home office complica a vida do trabalhador. É um problema, acredito, que ele precisaria dividir com o seu empregador”, diz.
Ainda que o economista e muitas pessoas acreditem que a empresa deva arcar com os gastos do trabalho remoto, assim, como acontece com P.G., a realidade é bem diferente. “Desde que comecei a trabalhar de casa, não tive qualquer ajuda extra. Gasto minha energia, internet, telefone. Minha esposa, que trabalha em uma empresa privada, tampouco recebeu ajuda de custo”, conta o funcionário público.
Segundo a advogada Fernanda Garcez, responsável pela área trabalhista e sócia do escritório Abe Giovanini, no que diz respeito aos gastos com teletrabalho, tudo depende do que está previsto na convenção coletiva de trabalho (CCT).
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“A CCT é a responsável por estipular valores a serem seguidos pelas empresas de uma determinada categoria. Caso não haja disposição a respeito na convenção, o empregador deverá seguir o que estabeleceu no contrato de trabalho e/ou na sua política interna a respeito do tema. Note-se que não há previsão, na lei, do quanto o empregador deverá reembolsar ao empregado em relação aos custos com o trabalho em home-office. A CLT prevê que o contrato deverá dispor a respeito dessa questão (em se tratando de teletrabalho), o que abre margem para a negociação entre as partes (...). Note-se que, na maioria das empresas, o home-office constitui um benefício ao empregado (um ou dois dias por semana), sendo certo que, se o empregado está sentindo-se prejudicado, poderá solicitar ao empregador que retome o trabalho exclusivamente presencial”, explica a advogada.
Autônomos.
Se a situação é difícil para quem trabalha em casa, mas é amparado por uma empresa, para os trabalhadores autônomos, a questão é mais complicada. Isso porque, em muitos casos, ele não conta com uma renda fixa para arcar com seus gastos e nem sempre é possível repassar os aumentos para os clientes.
“Nem sempre é possível repassar esses custos para o preço final, pois pode reduzir o volume de trabalho, impactando a renda. Ultimamente, estamos passando por uma situação bastante complicada, porque a renda em geral das pessoas vem diminuindo bastante, o que dificulta para que o autônomo possa repassar seus preços para os clientes. É um perde-perde para quem é autônomo e para o cliente que vem perdendo renda”, ressalta o economista Rogerio Bragherolli, especialista em empregabilidade.
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Para Daniel Scott, fundador e CEO da HyperXP - escola de negócios para pequenos e médios empresários, a dica é entender quem é o público alvo para calcular margens realistas e definir estratégias para um melhor posicionamento, o que levará o empreendedor ao melhor preço para seus produtos e serviços. “A melhor estratégia de precificação é cobrir custos e traduzir a qualidade e os diferenciais do produto no preço”, finaliza.
Para economizar
Independentemente do tipo de trabalho, o fato é que a conta e luz tem cada vez mais pesado no bolso do brasileiro e com a criação da bandeira tarifária escassez hídrica, implementada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no fim de agosto, as contas devem encarecer cerca de 7% já em setembro.
Diante disso, vale a pena adotar algumas estratégias para economizar. Confira:
1 – Revise os hábitos familiares
Banhos mais curtos, preferência por luz ambiente e verificar se apagou as luzes de um cômodo que não está sendo usado são hábitos importantes para economizar energia.
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2 - Fique de olhos nas lâmpadas e eletrodomésticos
Se possível, adote lâmpadas de LED, que são mais caras, porém mais econômicas. Além disso, verifique a idade dos seus eletrodomésticos, visto que os mais novos costumam ser mais econômicos.
3 - Tire aparelhos da tomada
Ainda que seja conveniente deixar a televisão ou o micro-ondas ligados na tomada, a prática pode representar um gasto maior na conta de luz. Isso porque aparelhos em stand-by também consomem energia.
4 – Opte pela ventilação natural
Com a chegada do verão, opte por colocar a mesa de trabalho em um ambiente bem ventilado e iluminado. A atitude diminui o uso de ar-condicionado e também de luz artificial.
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