Economia

Alta do dólar não impedirá queda no saldo da balança comercial

De acordo com os especialistas, as perspectivas em relação à cotação das commodities foi o principal fator que fez a diminuição do superávit da balança comercial cair

Publicado em 20/07/2013 às 18:13

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Atualmente em R$ 2,24 e com alta acumulada de 9,4% no ano, o dólar incentiva as exportações ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior. A subida da moeda norte-americana, no entanto, não se traduzirá em saldos melhores na balança comercial. Segundo especialistas, a queda no preço internacional das commodities (bens agrícolas e minerais com cotação no exterior) e o aquecimento das importações praticamente anularão os efeitos do câmbio sobre o superávit comercial.

De acordo com os especialistas, as perspectivas em relação à cotação das commodities foi o principal fator que fez a diminuição do superávit da balança comercial cair, apesar da disparada do dólar nos últimos meses. De acordo com o Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras, a projeção do superávit da balança comercial, que somava US$ 7,35 bilhões no início de junho, caiu para US$ 6 bilhões na semana passada.

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Atualmente em R$ 2,24 e com alta acumulada de 9,4% no ano, o dólar incentiva as exportações ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior (Foto: Divulgação)

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, disse que o câmbio praticamente não afeta a venda de produtos agrícolas e minerais para o exterior. “O câmbio não afeta a exportação das commodities, que sustentam o saldo da balança comercial, de produtos manufaturados, não das commodities, que . O preço das commodities, determinado por fatores internacionais, é a variável mais importante”, explica.

O economista Rodrigo Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), também considera que o câmbio pouco interferiu nas exportações de produtos primários até agora. “Sem contar que os contratos de exportações são fechados, em média, com três a quatro meses de antecedência, a desvalorização teria de ser muito mais expressiva para impactar a venda de commodities para o exterior”, alega.

De maio para junho, o preço da maioria das commodities desacelerou ou caiu, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A cotação da soja, que acumulava alta de 5% até maio, subiu 3,6% no acumulado até o mês passado. No mesmo período, a alta do preço do minério de ferro caiu de 4,1% para 2,1%. O petróleo, que caía 11% até maio, ampliou a queda para 11,2% até junho.

Os preços da carne bovina (-6,1%), o açúcar (-19,1%) e a celulose (-1,1%) também registram queda nos seis primeiros meses do ano. A cotação do milho registra alta de apenas 0,2% no mesmo período. Das commodities principais, apenas a carne de frango registra alta expressiva em 2013, tendo subido 14,5% de janeiro a junho.

Para o presidente da AEB, a desaceleração da China e a estagnação econômica da Europa, que são os principais importadores mundiais de produtos básicos, têm puxado a queda dos preços internacionais. “A recuperação dos Estados Unidos não interfere muito porque o país, apesar de importar muitas matérias-primas, também é um grande exportador de commodities”, comenta.

Segundo Rodrigo Branco, o desempenho da balança comercial brasileira só não será pior porque o país conseguiu aumentar em cerca de 10% a quantidade exportada de alimentos em 2013. “Os produtos agrícolas estão tendo uma boa performance de quantidade neste ano, o que compensa a queda dos preços internacionais e faz a receita das exportações ficar estável”, diz. Ele explica que o superávit comercial será fraco porque, além da queda do preço das commodities, as importações continuarão crescendo apesar da alta do dólar. “Os importadores não repassarão o preço maior imediatamente para os consumidores”, explica.

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