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O resultado melhor do que o esperado pelo mercado para o lucro da Petrobras no quarto trimestre foi insuficiente para sustentar o ânimo de investidores. As ações da companhia tiveram forte queda nesta quarta-feira, 26, na esteira da divulgação do resultado financeiro de 2013 e de planos de negócios e estratégicos. As preferenciais (sem voto) caíram 3,53% (R$ 13,68, menor cotação desde 2005) e as ordinárias (com voto) recuaram 2,86% (R$ 12,90, menor valor desde 2008).
Analistas listaram prós e contras dos dados da Petrobras, destacando um ponto em comum: a estatal gasta muito mais do que ganha e eleva excessivamente seu endividamento.
O investimento em 2013, de R$ 104,4 bilhões, ficou acima do projetado. No entanto, a companhia continua sem perspectiva de eliminar, no curto prazo, o prejuízo com a importação de combustíveis - como os reajustes internos não acompanham os preços internacionais, a empresa é obrigada a importar por mais e vender por menos.
Nesta quarta a presidente da Petrobrás, Graça Foster, frustrou a possibilidade de paridade de preços ainda neste ano. "Vamos atingir a paridade em 100% em 2014? Não, o plano (de negócios) não considera isso", disse. "Mas o plano considera que marchamos na busca da convergência nos dois anos que nos foram impostos para que a gente retorne (aos limites) dos indicadores (de endividamento)".
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Graça frisou várias vezes, tanto em entrevista quanto em teleconferência com analistas, o foco na melhoria dos indicadores de endividamento e na manutenção do grau de investimento junto às agências de classificação de risco. "As agências de rating têm importância absoluta na nossa rotina", afirmou Graça.
No plano de negócios, a diretoria assumiu o compromisso de retornar abaixo dos limites dos indicadores de endividamento em 24 meses - ou seja, após 2015. A alavancagem, que mede o tamanho da dívida em relação aos ganhos, extrapolou em muito os limites internos da companhia, uma surpresa negativa. Chegou a 39%, ante os 35% máximos desejáveis.
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"Nossas preocupações são intervenção do governo, falta de aumento no preço de combustíveis no mercado doméstico, fluxo de caixa livre negativo nos próximos anos e alavancagem em alta", diz relatório do HSBC.
A nova metodologia de preços de combustíveis da companhia, lançada em novembro passado, foi pouco citada, mas também está relacionada com o prazo de 24 meses. Embora Graça não tenha mencionado, para melhorar os indicadores é prevista a paridade de preços com o mercado internacional.
Já o Deutsche Bank destacou a geração de caixa, 5% abaixo das estimativas, e ressaltou que créditos tributários ajudaram a segurar os resultados do quarto trimestre: "Os ganhos do quarto trimestre foram ofuscados por itens não recorrentes", disse o analista Marcus Sequeira, também em relatório.
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Foi bem recebida pelo mercado a redução de US$ 16,1 bilhões na previsão de investimentos quinquenais, ficando em US$ 220,6 bilhões de 2014 a 2018, 6,8% abaixo do valor para 2013-2017.
A meta de elevar a produção neste ano em 7,5% também foi bem vista, embora parte do mercado ainda veja a previsão com ceticismo. A margem de erro também foi reduzida de 2 para 1 ponto porcentual. "Interpretamos isso como um sinal de mais confiança na administração. Isso é importante ao vir em um momento em que o consenso em relação à produção estava se tornando cada vez mais negativo", escreveram os analistas Vinicius Canheu e Andre Sobreira, do banco de investimentos Credit Suisse.
Custos menores com extração de petróleo, menos importações de combustíveis e bons resultados de produção nas refinarias também foram citados como pontos positivos. A possibilidade de a Petrobrás fazer parcerias - especialmente para construção de refinarias -, reduzindo a necessidade de investimento, também foram recebidos como um alento.
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