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USP desenvolve teste que prevê quedas em idosos com seis meses de antecedência

Estudo pode diminuir incidência de quedas, considerada a segunda maior causa de mortes entre idosos

Nilson Regalado

Publicado em 15/01/2025 às 06:45

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O estudo foi realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos / Freepik

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Um novo teste desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto promete reduzir o índice de quedas em idosos. As quedas são a segunda causa de morte em pessoas acima dos 65 anos, mas, segundo os pesquisadores da USP, elas podem ser previstas com até seis meses de antecedência. E evitadas! 

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O estudo foi realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos e sugere alterações em um teste clínico já consagrado para avaliar o equilíbrio de idosos, tornando-o mais eficiente. 

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A questão é tão preocupante que pessoas idosas devem se submeter anualmente a testes de equilíbrio e mobilidade como parte de suas consultas de rotina. 

Isso porque, mesmo quando não ocorrem consequências como ferimentos, fraturas ou traumatismo craniano, os tombos geralmente levam à diminuição da mobilidade e, por consequência, à perda da autonomia.

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“O modelo vigente do teste de requer apenas que o idoso permaneça em cada uma das quatro posições avaliadas por dez segundos para assim verificar problemas de equilíbrio e mobilidade. No entanto, nosso estudo demonstrou algo que já desconfiávamos: dez segundos em cada posição é pouco”, destacou a coordenadora do Laboratório da Faculdade de Medicina da USP, Daniela Cristina Carvalho de Abreu.

Em entrevista à Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), Daniela explicou que as quatro posições analisadas são: pés paralelos (bipodal), com um dos pés ligeiramente à frente do outro (semi-tandem), com um pé na frente do outro (tandem) e equilibrado em um pé só (unipodal).

O estudo com os 153 voluntários mostrou que a avaliação pode ser mais efetiva quando o teste é resumido em observar se o indivíduo consegue permanecer em apenas duas das posições mais desafiadoras (preferencialmente tandem e unipodal) por 30 segundos em cada uma delas.

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“Descobrimos ainda que, para cada segundo a mais que o idoso conseguia ficar na posição de tandem ou unipodal, a chance de cair nos seis meses seguintes diminuía 5%. Com isso é possível predizer qual o risco de queda para esse período, algo importante visto que o teste pode ser realizado na clínica, de forma rápida e sem a necessidade de equipamentos”, explicou a coordenadora.

Daniela ressaltou que, tanto no modelo atual quanto no proposto pelos pesquisadores da USP, o teste é uma mera triagem. 

Isso porque, a partir do resultado, são recomendadas avaliações mais detalhadas para entender se o desequilíbrio está relacionado a fraqueza muscular, alterações no alinhamento postural, comprometimentos sensoriais, problemas articulares ou outros fatores.

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“Com os 30 segundos conseguimos não só identificar os indivíduos com problemas sutis de equilíbrio, mas também predizer qual o risco de o idoso cair nos próximos seis meses – o que torna a investigação posterior sobre a causa desse desequilíbrio ainda mais importante”, salientou a coordenadora.

Para chegar à nova abordagem, os pesquisadores avaliaram os voluntários por meio dos testes convencionais e com o tempo ampliado, acompanhando os participantes por seis meses.

Quando os cientistas dividiram a amostra entre aqueles que caíram e os que não caíram, o grupo que sofreu quedas foi capaz de permanecer na posição unipodal por um tempo médio de 10,4 segundos e na posição tandem por 17,5 segundos. 

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Já os que não caíram se mantiveram na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por 24,8 segundos.

“Os resultados mostram que o teste com tempo de permanência de apenas dez segundos só consegue detectar quem está com problemas graves de equilíbrio, deixando passar uma parcela importante de indivíduos com risco elevado de queda. Com isso, sugerimos que o limite de tempo para o teste de equilíbrio de quatro estágios deve ser definido para mais de 23 segundos”, sugeriu Daniela.

Consultório ou postinho

O trabalho também usou uma plataforma de força usada para medir oscilações do indivíduo durante a manutenção das posições. 

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O objetivo era verificar se era possível predizer o risco de queda somente pelo tempo que o indivíduo conseguia ficar em uma posição ou se a magnitude de oscilação corporal era um parâmetro essencial a ser considerado.

Ainda em relação ao limite de tempo, os resultados mostraram que todos os participantes conseguiram manter a posição bipodal por 30 segundos, e a maioria dos idosos também conseguiu manter a posição semi-tandem por 30 segundos.

Dessa forma, embora a oscilação corporal medida na plataforma de força tenha se mostrado um preditor para o risco de queda em seis meses, o problema também pode ser verificado pelo tempo de permanência nas posições mais desafiadoras (tandem e unipodal): “Isso é importante, porque simplifica o teste e garante acesso a ele em qualquer consultório ou posto de saúde”.

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Os pesquisadores esperam agora que os resultados do estudo sirvam de base para a implementação da avaliação de risco de quedas em pessoas a partir de 60 anos, abrangendo desde a atenção básica até as consultas com especialistas.

“Nosso estudo avançou muito, trazendo resultados importantes para a prática clínica. Apesar de as quedas serem a segunda causa de morte no mundo entre os idosos, e haver a indicação de realização de teste de equilíbrio anualmente, ele pouco é praticado na clínica. Por isso, era importante acharmos um modelo que não precisasse de equipamentos, fosse simples, rápido e com a possibilidade de predizer a queda”, completou a pesquisadora da USP.

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