19 de Setembro de 2024 • 17:37
O "Jogo do Tigrinho" está levando pessoas à falência financeira / Reprodução/Internet
Há cerca de 3 meses uma febre tomou conta da internet e fez com que pessoas famosas e influenciadores indicassem o "jeito de ganhar dinheiro fácil" através do tal do "Jogo do Tigrinho". Tudo, segundo eles, era muita simples, bastando a pessoa se cadastrar em uma plataforma online, entrar no jogo e contar com uma sorte sempre presente de formar três figuras idênticas na tela, assim como ocorre em máquinas de cassino tradicionais. Todavia, há centenas de pessoas endividadas e indo à falência por conta disso.
O "Jogo do Tigrinho" nada mais é do que um cassino online que promete prêmios em dinheiro de encher os olhos. Para isso, basta que o jogador consiga fazer uma combinação perfeita de três figuras iguais nas três fileiras que surgem na sua frente, na tela. Exatamente como funciona nas máquinas físicas de cassinos tradicionais.
Porém, é importante esclarecer que o tal jogo não é desenvolvido por casas de apostas legais, por isso, ele é ofertado em mais de 500 sites e plataformas clandestinas nas categorias "cassino online", o que é proibido no Brasil.
A Polícia Civil de vários Estados brasileiros já iniciou investigações e começou a prender pessoas ligadas à esquemas ilícitos envolvendo essas plataformas. Ou seja, além das suas hospedagens online serem clandestinas, existem pessoas "sabotando a sabotagem" para tirar dinheiro de inocentes ou pouco informados.
No site "ReclameAqui", por exemplo, há diversos relatos de usuários experientes dizendo que, ao que tudo indica, o sistema é programado para te incentivar cada vez mais a colocar dinheiro, mas te pagar cada vez menos. Ou absolutamente nada.
As notícias de pessoas que estão perdendo dinheiro e falindo por conta do "Jogo do Tigrinho" estão aumentando a cada dia. Há gente que vendeu o carro para apostar; outros, deixaram de pagar meses de aluguel e plano de saúde; há, inclusive, alguns que pegaram dinheiro emprestado com agiota para jogar, jogar e jogar cada vez mais, e que hoje estão devendo mais de R$ 200 mil.
A questão aí não está apenas no "Jogo do Tigrinho", mas sim em qualquer plataforma ou meio onde se desafiar a jogar compulsivamente se torna um transtorno mental.
O vício em jogos de apostas tem aumentado de forma assustadora, principalmente com a facilidade em baixá-los no celular. Porém, é importante reconhecer quando isso deixou de ser uma diversão e se tornou uma doença.
Em entrevista ao Terra, o médico psiquiatra Flávio H. Nascimento disse que essa excitação em tomar decisões arriscadas ativa áreas do cérebro, tais como o córtex pré-frontal ventromedial, o córtex frontal orbital e a ínsula, que estão diretamente ligados ao sistema de recompensa cerebral, que liga o prazer contínuo à uma determinada situação. Neste caso, o de querer apostar sempre mais.
Ainda segundo Nascimento, quando a pessoa ganha é liberado no sangue um neurotransmissor chamado dopamina, que traz uma sensação muito boa de prazer e conquista. Por isso, a pessoa se sente "encorajada" a jogar mais e mais, buscando sempre este estágio de deleite.
Se você apresentar ao menos 2 sintomas da lista abaixo, é preciso procurar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra:
- Necessidade incontrolável de apostar cada vez mais quantias maiores;
- Preocupação excessiva com estes tipos de jogos;
- Apostar para esquecer problemas ou ignorar sintomas de ansiedade ou depressão;
- Deixar de fazer coisas que você gosta para apostar;
- Se irritar quando alguém te fala que jogar em excesso não é benéfico;
- Tentativas de parar de jogar, mas com várias recaídas;
- Perceber que os jogos estão te prejudicando, mas não saber como parar.
O primeiro grande passo na busca por ajuda é reconhecer que você precisa dela.
O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de psicólogos, psiquiatras e terapias gratuitas.
Se informe na unidade de saúde mais próxima da sua casa.
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