Diário Mais

Ruínas de 1836 resistem ao tempo no Centro de Santos; conheça a história

Antiga escadaria dava acesso à Igreja São Francisco de Paula e ao terceiro prédio da Santa Casa de Misericórdia de Santos

Da Reportagem

Publicado em 17/04/2024 às 17:05

Atualizado em 17/04/2024 às 17:06

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

As ruínas são construções que nos remetem ao ano de 1836 / Reprodução

Continua depois da publicidade

É certo que o Centro de Santos é cercado de muita história. Nesse contexto, estão incluídas as ruínas da escadaria que dava acesso à Igreja São Francisco de Paula e ao terceiro prédio da Santa Casa de Misericórdia de Santos, construções que nos remetem ao século XIX, ao lado do Túnel Rubens Ferreira Martins.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

No ano de 1836, a terceira sede da Santa Casa de Santos foi construída no lugar de uma antiga obra inacabada que existia ao lado da Igreja São Francisco de Paula, que dá nome à rua no Centro da Cidade. Vale lembrar que a primeira Santa Casa foi construída em 1542. Já a segunda foi construída em 1655, na Praça Mauá, onde hoje se encontra a Prefeitura de Santos.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Ruínas de 1836 servem de abrigo para usuários de drogas, em Santos

No complexo, que era localizado onde atualmente está o Elevado Aristides Bastos Machado, no sopé do Monte Serrat, havia o hospital, a igreja, uma farmácia, a maternidade, o necrotério e o Pavilhão Dr. Soter de Araújo.

A Santa Casa funcionou até 1945, quando um deslizamento de terra em 1928 no Monte Serrat atingiu parte do complexo, fazendo com que o hospital fosse reconstruído no bairro Jabaquara, onde permanece até hoje. Após a desativação, as instalações ainda foram ocupadas por flagelados até a demolição de todo o complexo.

Continua depois da publicidade

Passados 68 anos da desativação do hospital, que veio a ser demolido para a construção do elevado Aristides Bastos Machado, por volta de Pedro Henrique Fonseca 1950, hoje o cenário no local é de abandono e esquecimento. Porém, há quem acredite que a escadaria possa ser restaurada para se tornar um ponto turístico.

É o caso do historiador Francisco Carballa, que nos anos 1980 esteve no local e chegou a subir a antiga escadaria.

Em entrevista ao Diário do Litoral, em 2013, Carballa disse que até a década de 1960 ainda era possível ver a fachada da Igreja São Francisco de Paula e da Santa Casa de Misericórdia.

Continua depois da publicidade

“Aquela escadaria e um pouco do muro de arrimo, que seria a frente do hospital, foram as únicas coisas que sobraram da frente da Santa Casa. Elas davam acesso tanto ao prédio da provedoria quanto às enfermarias. No começo dos anos 1960, quem andasse por lá ainda via a fachada da igreja, já em ruínas, restos do hospital e de tudo o que havia sido demolido”.

Imagem da época: Divulgação/Santa Casa de Santos

Sítio arqueológico

Segundo Carballa, o local onde estão as ruínas da escadaria da Santa Casa é um sítio arqueológico, pois em dias de muita chuva, ossos do cemitério da Igreja São Francisco de Paula afloram do chão. “Se escavar ali, além dos restos de construção que aparecem em dias de muita chuva, aparecem ossos muito porosos, que dá para perceber que são humanos”.

Os ossos, segundo o historiador, são de pessoas que foram condenadas à morte através de enforcamento. Na porta da antiga igreja, havia o ‘Túmulo dos Enforcados’, pois naquela época, quem enterrava os que eram condenados era a Misericórdia, a Santa Casa.

Continua depois da publicidade

Ele explica também que havia um ritual na época, chamado de ‘Procissão dos Ossos’, realizado pela Irmandade da Misericórdia, destinado aos condenados à morte, que não podiam ser sepultados.

“Os membros da Irmandade pegavam essa pessoas, geralmente um dia antes do Dia de Finados e andavam encapuzados, com as ossadas expostas pelas ruas da Cidade. Quando chegavam a Misericórdia, velavam e enterravam os restos mortais ali. Toda igreja da Misericórdia tinha o Túmulo dos Enforcados e a Procissão dos Ossos, que acabou quando foi proibida a pena de morte”.

Recomenda-se não visitar

Aparentemente esquecidas pelo Poder Público, hoje as reuínas estão ocupadas por usuários de drogas, que utilizam o local como abrigo e para o consumo de entorpecentes.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software