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Relembre Zé Macaco, que saiu das ruas para ser o vereador mais votado de Santos

Nas décadas de 1950, 60 e 70, Zé Macaco tornou-se uma figura icônica da cidade de Santos

Fábio Rocha

Publicado em 02/10/2024 às 17:50

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Ele criou um método peculiar para realizar entrevistas: utilizava uma lata de azeite com uma lâmpada vermelha alimentada por pilha, simulando um rádio / Reprodução

João Vicente Saldanha da Cunha, conhecido popularmente como Zé Macaco, protagonizou uma das histórias mais inusitadas da política santista. Depois de sair das ruas, ele foi o vereador mais votado em 1988, com quase 11 mil votos.

Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, em 31 de dezembro de 1933, Zé chegou a Santos em 1949, aos 15 anos. O apelido que o tornaria famoso veio ainda na infância, quando ele adorava subir em árvores e seus amigos o batizaram de "Zé Macaco".

Nas décadas de 1950, 60 e 70, Zé tornou-se uma figura icônica da cidade de Santos. Embora trabalhasse como estivador, conseguia apenas serviços esporádicos e, nas horas vagas, divertia-se se passando por "repórter". 

Ele criou um método peculiar para realizar entrevistas: utilizava uma lata de azeite com uma lâmpada vermelha alimentada por pilha, simulando um rádio. A engenhoca fez sucesso, e Zé Macaco entrevistou grandes nomes da história brasileira e mundial, como Pelé, Garrincha, Juscelino Kubitschek e até o presidente americano Dwight Eisenhower.

Nos anos 1980, enfrentando dificuldades financeiras, Zé e sua esposa foram despejados por falta de pagamento, o que comoveu a cidade. A pressão popular levou o então prefeito de Santos, Oswaldo Justo, a contratá-lo para promover eventos da Secretaria de Cultura. 

Em 1988, sua trajetória ganhou um novo capítulo. Um grupo de portuários lançou a candidatura de Zé Macaco a vereador como forma de protesto contra a classe política. Apoiado por comerciantes locais, Zé se filiou ao extinto Partido Democrático Social (PDS) e, para surpresa de muitos, venceu com folga. 

Ele foi o vereador mais votado daquele ano, com 10.913 votos, um marco que, na época, foi o segundo maior da história de Santos, atrás apenas do sindicalista José Gonçalves, que recebeu 11.822 votos em 1976.

Apesar da vitória expressiva, Zé Macaco não deixou um legado político significativo. Muitos esperavam que ele propusesse projetos excêntricos ou, ao menos, agisse de maneira inusitada, mas isso não ocorreu. Na Câmara, Zé era visto como um homem simples, e sua atuação foi discreta.

Antes de concluir seu mandato, em 1992, Zé Macaco sofreu um grave acidente de carro ao sair de uma casa noturna em Santos. Sua esposa faleceu no acidente, e ele ficou com sequelas que o deixaram com artrose na perna esquerda. 

Por conta do problema de saúde, seu amigo e assessor Manoel dos Santos, o Maneco, deu entrada em um pedido de aposentadoria por invalidez. Em 24 de setembro daquele ano, Zé Macaco renunciou ao mandato.

Em 4 de novembro de 2006, Zé Macaco faleceu aos 73 anos, por causas desconhecidas, deixando uma trajetória marcada pela simplicidade, carisma e por um breve, mas notável, capítulo na política santista.

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