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Quem foi Ana Dias, a comerciante aventureira que dá nome a distrito do Vale do Ribeira

O distrito fica localizado entre Peruíbe e a sua cidade sede, Itariri, entre as rodovias Coronel Rodolpho Pettená e a Padre Manuel da Nóbrega

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 26/09/2024 às 14:23

Atualizado em 26/09/2024 às 18:50

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Ana Dias é um distrito de Itariri e considerada o Portal do Vale do Ribeira / Reprodução/Google Street View

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Você já ouviu falar de Ana Dias? Se você nunca ouviu falar, saiba que ele é um distrito de Itariri e considerado o Portal do Vale do Ribeira, por ser o primeiro povoado para quem sai da Baixada Santista rumo ao sul do país. Fica localizado entre Peruíbe e a sua cidade sede e, literalmente, entre as rodovias Coronel Rodolpho Pettená e a Padre Manuel da Nóbrega.

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Mas o assunto de hoje não é o distrito em si, mas sim a mulher que deu nome ao lugar.

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Quem foi Ana Dias?

De acordo com a historiadora, folclorista e pesquisadora, Nancy Ezidio, atual Diretora de Cultura da cidade de Itariri, não há muita coisa documentada a respeito da famosa mulher e o pouco da história conhecida é fruto dos relatos verbais contados com o passar dos anos.

O que se sabe é que a história desta desbravadora começa em Santos e vai até mais ao sul da baixada, quando o pai de Ana Dias montou um armazém de “Secos e Molhados” na próspera Itanhaém da época. Suas mercadorias chegavam de Santos pelo mar, mas a sua distribuição pelos vilarejos era feita com a ajuda de animais, como o burro.

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Quem fazia um pouco dessa distribuição era Ana Dias, que trabalhava para o pai como caixeira viajante, levando mercadorias até Peruíbe.

“Ela acampava no meio da mata com uma mula e os balaios, por isso era chamada de desbravadora. É uma personagem importante, mas nós não temos fotos dela. O que temos é somente a memória. Somente não, é grandioso a gente ainda ter essa memória toda”, disse Nancy.

Numa destas viagens que fazia até Peruíbe, a aconselharam seguir até uma pequena vila onde havia cerca de 50 famílias, mas para acessar o local, era preciso seguir à beira mar até o final da cidade e depois por picadas abertas na mata até o tal povoado.

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Lá, vivia Carlos Gonçalves, um comerciante de “secos e molhados”, cujo prédio era uma casa de madeira, onde hoje existe um sobrado, a beira do campo de futebol. Ele passou a comprar as mercadorias da “caixeira viajante” que vendia, principalmente, roupas, ferramentas, sal, munição para caça, pólvora, chumbo e espoleta.

E essa relação comercial foi bem sucedida, favoreceu a vila e durou por anos até que, bem antes da chegada da ferrovia, Carlos Gonçalves estranhou a ausência de Ana Dias, ficou preocupado porque suas mercadorias já não estavam chegando e também por ela não ter aparecido mais.  Depois de muito tempo ficou sabendo, infelizmente, que ela havia falecido.

Os anos foram passando e, com a chegada da linha férrea em 1914, o povoado ganhou uma estação de trem que precisava de um nome. Após consulta aos moradores locais e por unanimidade, a direção da Southern São Paulo Railway colocou o nome da Estação de Ana Dias e, por consequência, o povoado passou a ser chamado pelo mesmo nome e assim é até os dias de hoje.

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“As pessoas se preocupam muito em dizer que Itariri não tem história. Itariri tem história sim. Nossas terras pertenceram às capitanias e nós pertencemos a um período colonial”, finalizou a Diretora de Cultura da cidade.

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