Uma ave limícola que apresenta uma particularidade em Peruíbe / Márcio Ribeiro
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Entender, compreender e estudar é fundamental para propor ações certeiras que ajudem na preservação e na conservação de uma determinada espécie. Foi pensando nisso que um grupo com biólogos e veterinários se reuniu para anilhar as aves limícolas do litoral paulista e assim aprender mais sobre o comportamento delas.
A primeira ave a ser estudada por eles será o Piru-piru (Haematopus palliatus), uma ave limícola que apresenta uma particularidade em Peruíbe: Elas criam os filhotes nas ilhas próximas, ao contrário do que acontece na maior parte do Brasil, onde elas criam nas praias, entre as dunas.
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Por que isso acontece? Essa é umas das perguntas que o estudo pretende revelar. Os pesquisadores querem saber também quantos “pirus’ vivem no litoral, quanto é a taxa de mortalidade, como usam o habitat, se as populações estão aumentando ou decaindo e saber para onde vão os jovens depois que crescem e se separam dos pais.
Uma outra coisa importante que a equipe quer descobrir é se a espécie permanece na mesma categoria de conservação no estado, dentre as três a saber:
-Vulnerável: a espécie começa a se tornar ameaçada
-Em Perigo: a espécie já está num grau preocupante
-Criticamente ameaçada: a espécie corre risco imediato de desaparecer
De acordo com a última publicação do livro “Fauna Ameaçada do Estado de São Paulo”, o Piru-piru foi classificado como Vulnerável, mas os biólogos que participam do projeto estão trabalhando para mudar a categoria para “Em Perigo”, como conta um dos pesquisadores, Bruno Lima:
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“Nosso objetivo é chamar a atenção para que sejam criadas políticas públicas pra proteger essa espécie, pois ela vai ficar com mais visibilidade. A grosso modo, o que a gente está fazendo é tentando evitar que o bicho seja extinto no Estado de São Paulo, onde está bem mal das pernas”, disse.
O biólogo disse também que todos estão preocupados com o local onde esse bicho se reproduz, pois os primeiros resultados conhecidos não são animadores:
“O único local com a maior população reprodutiva é Ilha Comprida. E Ilha Comprida está um caos: cachorros, paragliders, carros, entre outros. Já registramos perda de ninhos e de filhotes”, disse.
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Por enquanto, no projeto, serão anilhados os pirus-pirus de Peruíbe, Itanhaém e Ilha Comprida. As anilhas coloridas têm um código alfa numérico e têm proteção UVA-UVB para não desbotar.
As anilhas verdes são para Ilha Comprida e azul para Peruíbe/Itanhaém. Serão colocadas uma anilha metálica numa pata, que é fornecida pelo CEMAVE (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres), e uma colorida na outra pata, para as pessoas poderem ver e saber de onde o indivíduo é. O projeto já possui 400 anilhas.
Esse projeto, que é aprovado pelo Governo Federal e patrocinado pela ONG Wader Quest, já está em andamento, principalmente em Ilha Comprida onde os profissionais envolvidos já estão realizando os trabalhos.
“Já estamos estudando os filhotes. Estamos acompanhando desde a eclosão dos ovos até eles começarem a voar”, disse Bruno Lima.
Dentro deste projeto, os organizadores estão fazendo a campanha “Adote um Piru-piru”, onde a pessoa doa o que quiser e pode dar um nome para uma ave anilhada, além de poder acompanhar por onde ela anda. Quem quiser mais informações a respeito pode ligar para o número (13) 99179-6052.
Em breve, serão instaladas placas ao longo da praia informando o que fazer quando encontrar uma das aves pesquisadas e para quem avisar.
O piru-piru é uma ave costeira de ampla distribuição por toda a América e é facilmente identificável por conta da sua coloração características e por seus hábitos. Alimenta-se de bivalves, cracas, gastrópodes e outros invertebrados costeiros. Utiliza o bico como alicate, espaçando as valvas ou quebrando-as.
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