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Práticos: conheça a profissão que paga até R$ 300 mil de salário

Os práticos são peças-chave para o funcionamento dos portos brasileiros, enfrentando riscos constantes para estacionar a embarcação

Luna Almeida

Publicado em 14/04/2025 às 21:10

Atualizado em 15/04/2025 às 10:46

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Cerca de 60 profissionais atuam diretamente nos portos de São Sebastião e Santos / Divulgação/Praticagem do Brasil

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Eles comandam embarcações gigantescas sem tocar no leme, enfrentam ventos, correntes e riscos constantes. E podem receber até R$ 300 mil por mês. 

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Os práticos, profissionais responsáveis por conduzir navios em áreas de navegação restrita, são peças-chave para o funcionamento dos portos brasileiros, especialmente o Porto de Santos, o maior da América do Sul.

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A profissão é antiga, existe desde a Grécia Antiga e foi oficializada no Brasil em 1808. Mesmo assim, segue sendo pouco conhecida pelo grande público. Ainda hoje, apenas 603 pessoas em todo o país exercem essa atividade, sendo 14 mulheres. 

No litoral paulista, cerca de 60 profissionais atuam diretamente nos portos de São Sebastião e Santos.

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Muito além de “estacionar navios”

O trabalho do prático começa antes mesmo de pisar no navio. Ele embarca com a embarcação em movimento, utilizando uma escada que fica na lateral do casco. 

A operação é arriscada: mesmo com colete salva-vidas, uma queda pode ser fatal. Só neste ano, sete profissionais perderam a vida durante esse processo em diferentes partes do mundo.

Uma vez a bordo, o prático não assume fisicamente os controles. Ele coordena toda a operação: orienta o comandante, os timoneiros e os rebocadores, monitora o tráfego de outras embarcações e conduz o navio até sua posição exata de atracação. 

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Tudo isso com precisão cirúrgica, muitas vezes lidando com embarcações que medem o equivalente a três campos de futebol e pesam milhares de toneladas.

A tarefa exige habilidade técnica, conhecimento profundo da área e uma tomada de decisão rápida diante de situações imprevistas. E não faltam desafios. 

Em Ilhabela, por exemplo, os fortes ventos da região colocam à prova até os mais experientes. 

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Em outras ocasiões, práticos relatam manobras complexas para evitar acidentes, como quando o leme de um navio carregado de gás travou em um canal estreito.

Zonas de praticagem: cada prático em seu território

Os práticos atuam em zonas específicas determinadas pela Marinha. São as chamadas zonas de praticagem (ZPs), áreas onde a navegação é considerada sensível e requer conhecimento local. 

No Brasil, existem 20 dessas zonas. A ZP 16 cobre a região de São Paulo, enquanto outras, como as da Bacia Amazônica, abrangem distâncias superiores a 2 mil quilômetros.

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Cada prático é treinado exclusivamente para sua zona. Eles realizam, em média, 80 mil manobras por ano em todo o país. 

O esquema de trabalho é por rodízio: o profissional disponível no momento é o responsável por atender o chamado, o que garante um equilíbrio entre demanda e jornada de trabalho.

Formação rigorosa e dedicação integral

Para ingressar na profissão, o candidato precisa ter curso superior e habilitação de mestre-amador, que permite conduzir embarcações próximas à costa. 

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Depois, passa por um processo seletivo da Marinha e por uma longa fase de qualificação, que inclui centenas de manobras supervisionadas.

Mesmo após serem habilitados, os práticos precisam manter uma frequência mínima de atuação e passar por cursos de atualização a cada cinco anos. 

A exigência é justificada: cada manobra pode envolver cargas perigosas, como petróleo e produtos químicos, além de interações com tripulações estrangeiras diferentes a cada viagem.

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Santos em destaque

No Porto de Santos, a variedade de cargas é extensa: de grãos como soja e milho a suco de laranja, produtos químicos, veículos e até animais vivos destinados à exportação. Também passam por ali grandes transatlânticos repletos de turistas.

Manobrar um petroleiro, por exemplo, é uma das tarefas mais delicadas. A dimensão e o tipo de carga exigem precisão absoluta, já que um simples erro pode causar impactos ambientais severos.

Brasil como referência mundial

Mesmo com todos os riscos, o Brasil é reconhecido internacionalmente por sua excelência na praticagem. 

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A taxa de acidentes nos portos brasileiros é de apenas 0,018%. E estatísticas internacionais mostram que a presença de práticos reduz significativamente os riscos de colisões.

Esse cuidado tem motivos de sobra. Em 1989, um petroleiro americano encalhou no Alasca e derramou cerca de 37 mil toneladas de óleo cru no oceano, afetando milhares de quilômetros de costa e deixando um rastro de destruição ambiental. Na época, não havia prático a bordo.

Entre a segurança e a agilidade

O desafio do prático é equilibrar duas exigências aparentemente opostas: realizar manobras com agilidade, mas sempre com máxima segurança. 

Para isso, ele conta com treinamento técnico, experiência e profundo conhecimento das condições locais.

No Porto de Santos, essa responsabilidade ganha uma dimensão ainda maior. É lá que circula boa parte da economia brasileira, em meio a um cenário de movimentação intensa, ventos fortes e embarcações de todos os tipos.

E é lá também que os práticos, muitas vezes invisíveis ao público, garantem que tudo siga funcionando com precisão.

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