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Pássaro é registrado pela primeira vez no Litoral do SP; saiba qual

O Choró-boi (Taraba major) habita a vegetação densa do estrato baixo de capoeiras, clareiras e bordas de florestas com vegetação arbustiva

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 15/10/2024 às 14:00

Atualizado em 15/10/2024 às 14:08

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O Choró-boi (Taraba major) foi fotografado pela primeira vez em Peruíbe / Luiz C. Balbino

O litoral de São Paulo ganhou o registro de uma nova espécie de pássaro neste último final de semana, quando foi fotografado pela primeira vez o Choró-boi (Taraba major), em Peruíbe, em um roteiro operado pela equipe do Mochileiros Pousada e Observação de Aves.

Quem fez o registro foi o Engenheiro Agrônomo, Luiz Carlos Balbino, que é de Brasília e membro do Grupo de Observadores de Aves do Planalto Central. Ele falou que conhece a região desde a infância, mas vinha apenas para aproveitar as praias. Foi a primeira vez que veio a cidade para observar as aves:

“A passarinhada em Peruíbe foi muito interessante, com muitas aves que não podem ser observadas no Cerrado. Gostamos muito de observar as aves que ocorrem na Mata Atlântica, assim como no litoral. Essa região tem um grande potencial para observadores de aves e Peruíbe, com suas mais de 500 espécies de aves, é um local de excepcional biodiversidade. Tendo em vista que o turismo de observação de aves está em franco desenvolvimento no Brasil, acreditamos que essa região tem muitos atrativos a serem explorados”, disse ele, que esteve na cidade acompanhado pela esposa, a Farmacêutica bioquímica, Evelin Balbino.

Quem guiou o casal foi a proprietária do Mochileiros e guia de observação de aves, Elen Dias, que tinha a missão de encontrar as aves que estavam na lista trazida por eles.  Parte da guiada foi conduzida pelo Fábio Barata e a outra parte por ela, que ficou encarregada de encontrar aves como a Figuinha-do-mangue, o Cuspidor-de-máscara-negra, a Saíra-sapucaia, entre outras.

“Foi na restinga, enquanto buscávamos a Saíra-sapucaia, que tivemos a grande surpresa do dia. Ao tentar chamar a Saíra-sapucaia, me deparei com uma ave de tamanho bem diferente das que normalmente vemos na região. De imediato, percebi que poderia ser algo novo. Para minha surpresa, Evelin identificou rapidamente como uma fêmea de Choro-boi, ave que eu e o Fábio já tínhamos visto no Cerrado Mineiro e que ela já havia observado em Brasília. Sabendo que seria uma novidade para a região de Peruíbe, consultei o Ebird e o Wikiaves e, de fato, era uma espécie nova para a área. Ficamos todos muito felizes com esse achado na nossa restinga, que se tornou um registro importante para o município e ajudará a entender melhor a migração ou deslocamento dessa espécie para o litoral."

O biólogo e guia de observação de aves, Fábio Barata, que também guiou o casal, falou da importância do achado para a cidade e região e da preocupação com o surgimento de espécies novas no litoral, o que pode ser em razão do desmatamento:

“Considero a descoberta da Elen Dias um achado importante. No entanto, sempre me preocupa quando espécies de outras áreas começam a aparecer em nosso litoral. Acredito que, em breve, essa espécie pode colonizar a região costeira, assim como outras já conhecidas, como o casaca-de-couro-da-lama e a choca-barrada. Não estou familiarizado com o histórico de migração e deslocamento dessa espécie, mas, após 15 anos atuando como guia de observação de aves no litoral, esta é a primeira vez que tenho conhecimento da presença dela no litoral sul de SP. Parece que o desmatamento intenso está criando um ambiente propício para que essas aves migrem para o litoral, o que pode se tornar um grande problema para as espécies nativas, gerando concorrência e perda de habitat.

Choró-boi

O choró-boi é uma espécie relativamente comum no Brasil e habita a vegetação densa do estrato baixo de capoeiras, clareiras e bordas de florestas com vegetação arbustiva, tanto em regiões úmidas quanto secas. Vive geralmente aos pares, pulando em meio a emaranhados de cipós e arbustos a uma altura de 1 a 5 metros, o que o torna difícil de ser observado. Ele se acostuma com a presença humana e pode ser vista nos quintais e pomares de sítios e fazendas, desde que não seja perseguido por gatos domésticos.

Pode ser encontrado do México ao Panamá e em praticamente toda a América do Sul, com exceção do Chile. No Brasil, já foi fotografado em praticamente todos os estados, menos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, isto com base nos dados do Wikiaves.

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