ONG do litoral de SP faz alerta para rituais com gatos pretos em sextas-feiras 13

Em cada nova sexta-feira 13, como essa do mês de dezembro, os gatos pretos são alvos de superstições e mitos antigos associados ao azar. No litoral de São Paulo a preocupação com o bem-estar desses animais cresce neste intervalo de tempo.

Devido a essa combinação de fatores, os felinos de pelagem escura ficam, neste período, mais vulneráveis a sofrerem agressões e maus-tratos, além de serem utilizados para rituais.  Em razão disso, a ONG Patinhas que Brilham vetou a adoção desses animais neste período.

Os casos, infelizmente, ainda acontecem com estes animais e já foram presenciados por profissionais da área. Antes da pandemia, enquanto saia da faculdade, a veterinária Ana Vieira Gallotti avistou dois rituais com gatos pretos no Morro da Nova Cintra, em Santos.

Ela conta que se deparou com ambos em dias diferentes, contudo, em locais próximos. Nos dois casos, os rituais eram do mesmo jeito: os animais estavam abertos, e ao redor haviam flores amarelas e azuis, comidas e garrafas de bebida alcoólica.

A veterinária ressaltou que os gatos eram novos, tinham 10 meses ou menos o que corrobora com relatos de que algumas pessoas utilizam gatos pretos, desde que eles não estejam castrados, porque o animal, supostamente, tem que estar ‘inteiro’ para o ritual.

“Eu acredito muito que gatos pretos afastam energias ruins, mas infelizmente ainda tem muita gente maldosa”, afirma Ana.

O Diário do Litoral também conversou com representantes da ONG Patinhas que Brilham. Eles contaram um pouco sobre o que os felinos de pelo escuro passam em datas místicas e também como eles não são adotados em razão da cor.

Vanessa Roversi, que auxilia a ONG desde 2017, e é responsável por fazer as adoções, conta que, entre todos os felinos, os gatos pretos acabam ‘encalhados’, à espera de uma adoção. “É pelas superstições. Então, as pessoas não buscam a adoção do gato preto por conta disso. Elas preferem muito mais os gatos brancos. Os pretos vão ficando para trás”, afirma.

Durante todo o tempo em que está na área, a protetora de animais já escutou um pouco de tudo em relação aos felinos pretos.

“Infelizmente eles carregam superstição. Por mais que eles não tenham culpa, eles carregam. Já ouvi falarem assim: ‘Ai credo, eu não quero gato preto porque ele é traiçoeiro. Aí eu prefiro o gato amarelo, que gato amarelo dá sorte e gato preto dá azar'", relembra.

Em razão das pessoas mal intencionadas que querem adotar os gatos para executar rituais, a ONG Patinhas que Brilham veta qualquer doação de gatos preto perto da data, assim, tentando diminuir as agressões.

Vanessa destaca ainda que a cor do gato não importa. O que importa é a personalidade do animal e o amor que ele dá às pessoas.

“O amor dos gatos é incondicional. Então, você adotando um gato independentemente da cor, ele vai te dar amor, ele vai retribuir com gratidão o fato de você ter o adotado”.