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O que houve com a Daslu, loja das madames considerada o templo do luxo no Brasil?

Se você não tivesse uma conta bancária de respeito, não compraria sequer um par de sapatos lá

Jeferson Marques

Publicado em 09/11/2024 às 09:12

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A Daslu só vendia peças importadas de grifes famosas / Foto ilustrativa / Foto de Liza Summer/Pexels

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São Paulo teve uma loja que era considerada o templo do luxo, onde apenas pessoas com uma conta bancária recheada poderiam comprar. Todavia, diante do glamour e das marcas mundialmente famosas, polêmicas e golpes decretaram o seu fim. Estamos falando da "Daslu".

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A loja, que abriu suas portas em 1958, era conhecida por seu alto padrão e por só trabalhar com marcas importadas conhecidas e badaladas. Não era difícil você encontrar sapatos por R$ 60 mil ou vestidos que custavam mais de R$ 200 mil.

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A Daslu era realmente para quem tinha muito, mas muito dinheiro.

Havia na herdeira da loja uma necessidade de expansão e mudança para outra área, já que a unidade, que ficava na Vila Nova Conceição, causava congestionamentos e outros problemas de logística de trânsito para a Prefeitura de SP, que cobrava e multava a Daslu por não oferecer alternativas ao já caótico trânsito paulista em seus arredores.

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Sem ter como abrir faixas exclusivas para seus clientes ou ampliar seu estacionamento, em 2005 a Daslu se muda para a Vila Olimpia e abre uma loja de mais de 15 mil metros quadrados que vendia, inclusive, helicópteros. Ela era chamada de "Vila Daslu".

Com as vendas cada vez mais altas e muitas famosas como clientes fiéis do lugar, era impossível imaginar que esse reinado de riqueza, pessoas milionárias e glamour com cheiro de rosas finas pudesse desmoronar em tão pouco tempo. E foi o que aconteceu.

Do luxo ao fim

Meses depois de inaugurar sua megaloja e de nadar em dinheiro, a Daslu entrou no radar da Receita Federal.

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A investigação, batizada de "Operação Narciso", já estava na "cola" da abastada desde o ano anterior (2004), quando fiscais perceberam que empresas que trabalhavam com importação alteravam as documentações e recibos de compras da Daslu para valores menores, facilitando, assim, os trâmites aduaneiros.

Ou seja, produtos comprados a valores altíssimos eram subfaturados por esses empresas e, segundo a própria investigação, com a ciência da Daslu. 

A sonegação e as fraudes foram descobertas no aeroporto de Guarulhos, quando um contêiner de bolsas e sapatos direcionados à Daslu foi aberto e os fiscais da Receita notaram que as descrições das guias de importação não batiam com as mercadorias. Somado a isso, as faturas originais dos fabricantes vinham junto com as mercadorias, e apresentavam os valores originais das compras, infinitamente maiores do que a Daslu declarava.

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Depois disso, a PF deu mais corda para ver até onde o esquema ia e descobriu uma rede de empresas fantasmas que trabalhavam no golpe.

Os herdeiros da Daslu foram presos por cerca de 12 horas, prestaram depoimentos e disseram não saber como as importações eram feitas, e que cuidavam apenas do glamour da loja. Ambos responderam o processo em liberdade.

A herdeira faleceu em 24 de fevereiro de 2012. Ela havia sido condenada a 94 anos de prisão. Não há notícias atualizadas de seu irmão.

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Recentemente os direitos da marca Daslu foram leiloados.

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