O portêiner no caminho dos aviões que passarão a operar no futuro Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá é uma ameaça real / Reprodução
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Alerta: obstáculo na cabeceira 17. O portêiner no caminho dos aviões que passarão a operar no futuro Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá é uma ameaça real a pilotos e passageiros. E o guindaste de grande porte fica a apenas 840 metros da pista, oferecendo risco iminente nos dois momentos mais delicados de um voo, o pouso e a decolagem.
A advertência está explícita no Manual Auxiliar de Rotas Aéreas (Rotaer), elaborado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Mais: o Rotaer da Base Aérea de Santos cita outros dois perigos às aeronaves: um edifício com 69,43 metros de altura na rota dos aviões e a concentração de urubus nas proximidades da pista. E essas aves podem provocar sérios danos aos motores e à fuselagem de aviões e helicópteros em caso de colisão.
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Mas, esses riscos citados pelo documento da Força Aérea Brasileira ocultam outras ameaças concretas a pilotos, passageiros e moradores da Região Metropolitana da Baixada Santista. No caminho de aviões e helicópteros há bairros populosos de Vicente de Carvalho, além de um “barril de pólvora” e uma refinaria que processa milhões de litros de petróleo.
No entorno do futuro aeroporto também está a Transpetro, que movimenta inflamáveis e os tanques da Ultracargo, que incendiaram durante nove dias em 2015.
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Em uma eventual pane na decolagem, restarão poucas opções seguras para o comandante da aeronave tentar um pouso seguro. No jargão dos pilotos há até a máxima de que “pane em baixa altura é um passo para a sepultura”.
Em caso de emergência durante as manobras de decolagem ou arremetida, o Estuário, as áreas de mangue e as rodovias que cortam a região seriam o caminho natural para um pouso forçado, na tentativa de salvar a vida de tripulantes, passageiros e pessoas em terra. Foi justamente uma arremetida que projetou o avião do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em direção a Santos no acidente que vitimou o político e mais cinco pessoas, em agosto de 2014.
O Rotaer é uma bula elaborada pela Força Aérea Brasileira que tem objetivo a divulgação de informações aeronáuticas produzidas pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), sendo assim a fonte oficial para obtenção desse tipo de informações no Brasil.
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Criada para auxiliar os aeronavegantes no planejamento do voo e na navegação dentro do território nacional, este manual atende às necessidades dos aeronavegantes que usam pequenas aeronaves e voam de acordo com as regras de voo visual.
Mas, o Rotaer específico do aeródromo localizado no Distrito de Vicente de Carvalho não observa, por exemplo, a proximidade do futuro aeroporto com a Ilha Barnabé.
Os terminais e tanques da Ilha armazenam 40% dos produtos químicos movimentados pelo Porto de Santos, o que a fez conhecida entre portuários de diversas gerações como “barril de pólvora”. Entre o final da pista de pouso e decolagem e os granéis líquidos armazenados, a distância é de aproximadamente 1.500 metros.
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O Rotaer também não cita que na proa da cabeceira 17 estão o terminal da Ultracargo e o Terminal da Transpetro. Esta última é subsidiária da Petrobras, abastece navios com óleo bunker e movimenta gás liquefeito de petróleo (GLP) desde Cubatão até as empresas que comercializam o gás de cozinha na Região Metropolitana.
O documento da Força Aérea com as dicas sobre pistas de pouso que operam “no visual”, isto é, sem o suporte de tecnologias de segurança para voos noturnos e em dias com clima adverso, também não cita a Refinaria Presidente Bernardes Cubatão (RPBC).
Ainda que mais distante da cabeceira 17 do futuro Aeroporto Civil Metropolitano, a RPBC também está na proa de aeronaves que decolam com o Oceano Atlântico na popa. E a capacidade de processamento da refinaria é de 170 mil barris de petróleo por dia. A RPBC foi protagonista da maior tragédia da Baixada Santista nos últimos 50 anos, que foi o incêndio na Vila Socó.
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