30 de Outubro de 2024 • 18:25
Após a Segunda Guerra Mundial, ele fugiu para o Brasil, onde chegou em 1946 e residiu em Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo e Santos / Arquivo Nacional / BBC News Brasil
Herberts Cukurs, um letão que se destacou mundialmente na aviação nas décadas de 1930 e 1940, morou por um período em Santos, no litoral de São Paulo. Capitão aviador, engenheiro aeronáutico e membro do Comando Arajs — uma organização nazista —, Cukurs foi acusado de crimes de guerra e ficou conhecido como o “Carniceiro de Riga” durante a ocupação nazista da Letônia.
Após a Segunda Guerra Mundial, ele fugiu para o Brasil, onde chegou em 1946 e residiu em Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, buscando uma nova vida distante dos horrores do conflito.
O letão ganhou notoriedade internacional na década de 1930, ao realizar voos de longa distância, conquistando o respeito da comunidade aeronáutica mundial. No Brasil, ele chamou a atenção em Santos ao oferecer passeios de hidroavião pela praia, o que se tornou uma atração local.
Muitos moradores e turistas se interessavam pelos voos, e o hidroavião, parado na faixa de areia da Ponta da Praia, em frente ao Aquário, era um símbolo de inovação. No entanto, sua fama tinha uma sombra: ao ser questionado pela polícia brasileira, Cukurs admitiu que colaborara com o regime nazista contra a União Soviética.
Mesmo tentando construir uma vida nova no Brasil, o passado de Cukurs o perseguia. Ele solicitou a naturalização brasileira, mas seu pedido foi negado, o que o levou a se mudar para o Uruguai, onde se refugiou após o aumento da pressão internacional contra ex-nazistas.
No entanto, em 1965, seu passado o alcançou de forma trágica: em 23 de fevereiro, ele foi morto no Uruguai por agentes da inteligência israelense durante a Operação Riga, conduzida para eliminar aqueles acusados de crimes de guerra. Cukurs foi alvo devido às denúncias de que teria cometido atrocidades contra judeus na Letônia, sendo responsabilizado pela morte de milhares durante a ocupação nazista.
A história de Herberts Cukurs revela um lado sombrio da imigração pós-guerra, com criminosos de guerra escapando para a América Latina em busca de anonimato. Embora tenha deixado marcas na aviação e tenha sido uma figura popular por seu trabalho em Santos, as acusações e seu trágico destino o marcaram para sempre.
Sua vida e morte continuam sendo objeto de estudos sobre os crimes de guerra e a perseguição aos responsáveis.
A trajetória de Cukurs é um lembrete da complexa herança deixada pela Segunda Guerra Mundial. Santos, que foi palco de suas atividades aéreas e inovações turísticas, guarda na memória uma passagem intrigante de sua história, em que o letão se destacou tanto por seus feitos na aviação quanto pela controvérsia de seu passado na Letônia.
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