Em 215 pontos, a perda da faixa costeira ultrapassa um metro por ano / Divulgação/Prefeitura de IcapuÃ
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Quase metade do litoral cearense já apresenta sinais de erosão provocada pelo avanço do mar. O dado consta no Plano de Ações de Contingência para Processos de Erosão Costeira do Ceará (PCEC), lançado recentemente durante a 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente.
O levantamento, pioneiro no Brasil, mapeou 47,5% dos 570 quilômetros de costa do estado com processos erosivos em diferentes níveis de gravidade.
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O estudo aponta que 16 praias já se encontram em situação crítica, exigindo intervenções imediatas. O impacto vai além da perda de faixa de areia.
A erosão compromete a infraestrutura urbana, ameaça a biodiversidade e expõe comunidades litorâneas a riscos cada vez maiores.
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O governo estadual considera que a elevação do nível do mar, combinada com ocupação urbana desordenada e ausência de planejamento, agrava ainda mais o problema.
A equipe responsável pelo PCEC realizou o mapeamento por meio de sensoriamento remoto e visitas técnicas, analisando 553 pontos ao longo da costa cearense entre 2016 e 2024.
Em 215 pontos, a perda da faixa costeira ultrapassa um metro por ano. O levantamento classificou os núcleos de risco em duas categorias: de atenção e de erosão crítica.
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As praias consideradas críticas, onde os danos já são visíveis ou prestes a ocorrer, incluem Picos e Peroba (Icapuí), Canoé e Canto da Barra (Fortim), Prainha do Canto Verde (Beberibe), Iguape (Aquiraz), Icaraí e Tabuba (Caucaia), Taíba (São Gonçalo do Amarante), Baleia (Itapipoca), além de Arpoeiras e Espraiado (Acaraú).
Já as áreas de atenção, que podem se tornar críticas sem intervenção adequada, englobam praias como Pontal do Maceió (Fortim) e Tatajuba (Camocim).
A erosão costeira ocorre quando as praias perdem mais sedimentos do que conseguem repor. O fenômeno é resultado da ação de marés, ventos e correntes, intensificada por intervenções humanas como desmatamento e construção de portos.
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O estudo alerta que a combinação de fatores naturais e antrópicos está acelerando o processo em locais já fragilizados, como as praias da Baleia, Canto Verde e Icapuí.
A longo prazo, a perda de faixas de areia e de ambientes naturais como dunas e manguezais compromete a proteção das comunidades frente a eventos extremos, além de reduzir habitats de espécies nativas.
O crescimento urbano desordenado na orla também amplia a vulnerabilidade das cidades costeiras, que se tornam mais suscetíveis aos efeitos de ressacas e da elevação do nível do mar.
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O diagnóstico revelou 72 pontos críticos de erosão em áreas urbanizadas do estado.
A Região Metropolitana de Fortaleza lidera em quantidade de áreas ameaçadas, com destaque para Caucaia, onde praias como Icaraí, Tabuba e Cumbuco sofrem perdas severas de território.
Outras cidades com pontos críticos incluem Icapuí, Fortim, Beberibe, São Gonçalo do Amarante e Itapipoca.
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No extremo oeste do estado, os municípios de Acaraú, Jijoca de Jericoacoara e Camocim apresentam várias praias com erosão crítica, muitas delas em áreas que antes não apresentavam sinais do problema.
O governo do Ceará considera que o estado não está imune aos impactos do avanço do mar e defende estratégias integradas de gestão costeira.
O plano destaca a necessidade de monitoramento contínuo, atualização de planos diretores municipais e ações coordenadas que envolvam órgãos públicos, setor privado, ONGs e comunidades.
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Entre as soluções técnicas previstas estão a construção de diques, muros de contenção, enrocamentos, espigões e a recuperação de dunas. A vegetação costeira também é considerada importante para conter o avanço do mar.
O PCEC propõe a criação do Comitê de Planejamento e Resposta à Erosão Costeira (CPREC), que deverá coordenar ações e monitorar os resultados.
Apesar do alerta, muitos municípios ainda não têm estrutura adequada para enfrentar a erosão.
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Dos 20 municípios com litoral no Ceará, 19 possuem Plano Diretor, mas apenas seis estão atualizados.
Esse documento é fundamental para o ordenamento urbano, zoneamento e definição de áreas prioritárias para proteção.
Sem atualização nas políticas públicas e sem investimentos em soluções técnicas, o avanço do mar continuará a ameaçar a ocupação da orla e o desenvolvimento sustentável da região.
O professor Luís Ernesto Arruda Bezerra, coordenador do estudo, destaca que o objetivo é fornecer um diagnóstico completo para subsidiar ações de prevenção e resposta rápida em casos de emergência.