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Litoral de SP já teve o cinema 'mais charmoso da região'; conheça a história

Em plena era da Cinelândia, os antigos frequentadores ainda carregam um carinho especial pelo espaço

Gabriel Fernandes

Publicado em 24/01/2025 às 10:05

Atualizado em 24/01/2025 às 11:01

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O cinema foi um dos últimos a serem construídos na região do Gonzaga / Reprodução/FAMS

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Durante o período da Cinelândia Santista, o bairro do Gonzaga possuía praticamente dois cinemas por quarteirão. Um deles, em especial, era o Cine Alhambra. Considerado um dos mais charmosos da região, ele também era o menor.

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Localizado atrás do atual prédio do Pátio Iporanga, na Rua José Cabalero, nº 60, o cinema foi um dos últimos a serem construídos na região, ainda na década de 70. Com 450 assentos, a única sala tinha menos da metade do tamanho de outras como Roxy (1.400) e Iporanga 1 (1.000).

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Erguido no auditório da antiga Rádio Clube de Santos, que também já foi sede da TV Santos, a pioneira da televisão regional, em 1957, fez parte da rotina de muitos santistas.

"Todos os dias passava pelo cinema, pois trabalhava na emissora que ficava aos fundos do terreno", recorda o jornalista Paulo Roberto Bornsen Vibiam. "Não era um cinema grande, mas em compensação era muito luxuoso com seus vitrais coloridos".

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Quem também guarda recordações do Alhambra é o empresário Luiz Fernando Grillo, que assim como Paulo, lembra de alguns detalhes.

"A iluminação era mais indireta, até no saguão. A bomboniere também era muito bonita. Era tudo muito bem decorado, tinha uma entrada diferente, toda branca. Era o mais charmoso de Santos".

"Frequentava muito com meus amigos durante a adolescência, pois lá passavam muitos filmes cults", relembra.

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Durante boa parte de seu funcionamento, o Alhambra era administrado pela Freixo - Empresa Cine Teatral Ltda, que também cuidava das três salas antigas do Iporanga, que se localizavam na mesma quadra, no atual prédio do Pátio Iporanga.

Para não exercer uma concorrência direta entre eles, cada uma sala cuidava exclusivamente dos títulos de um estúdio em específico. Por exemplo, o Iporanga recebia filmes da Disney e o Alhambra da Paramount.

"Uma vez fomos assistir ao filme 'Tiros na Broadway', e por conta das conversas que fazia com uns amigos durante a sessão, os espectadores mais velhos ficaram irritados e fomos convidados a se retirar pela gerência do próprio cinema", recorda Grillo.

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Quem também conferiu este mesmo filme no Alhambra foi o assistente administrativo Marcelo Reis. "Sempre frequentava as primeiras sessões de sexta com a minha avó, que era dia das estreias. Chegamos a conferir várias produções do Woody Allen como 'Todos Dizem Eu Te Amo' e 'Poderosa Afrodite'".

Ele ainda lembra que ao conferir este último, vivenciou uma situação inusitada. "A sessão estava atrasando demais, foi então que percebemos que os funcionários do local haviam acabado de chegar com os rolos do filme", recorda Reis.

Uma ação marcante que o Alhambra realizava nas manhãs de domingo, assim como outros cinemas da Cinelândia, era a popular "Sessão Coca-Cola". Quase sempre exibindo títulos com censura livre ou animações, ao adquirirem um ingresso para o filme, o espectador ganhava uma garrafinha pequena de refrigerante.

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Quem frequentou muitas destas sessões, foi o corretor de seguros, Reynaldo Negran Joaquim. "Várias vezes conseguia conferir no Alhambra filmes que já haviam sido removidos de outras salas de Santos, pois já estavam há um tempo em cartaz. Lembro de conferir desta forma títulos dos 'Trapalhões' e 'Superman'".

O Cine Alhambra encerrou suas atividades no final dos anos 90, um pouco antes das três salas do Iporanga. Atualmente em seu lugar se encontra um prédio comercial, mas o seu legado não será esquecido pelos frequentadores.

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