Muitos jovens dessa geração destacam a convivência harmoniosa com os pais / Freepik/zinkevych
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Nos últimos anos, um fenômeno tem ganhado destaque entre os jovens brasileiros: a chamada ‘geração canguru’. Este termo descreve os filhos adultos, geralmente entre 25 e 34 anos, que ainda moram com os pais, mesmo tendo alguma forma de renda própria.
Atualmente, cerca de um em cada quatro jovens nessa faixa etária continua a viver sob o mesmo teto que seus pais, um aumento em relação a 12 anos atrás, quando a proporção era de um a cada cinco.
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Esse comportamento está sendo observado principalmente entre os brasileiros de classe média, e diversas razões explicam o adiamento da saída de casa.
Entre os principais motivos que explicam esse fenômeno estão o alto custo de vida, especialmente nas grandes cidades, e a dedicação prolongada aos estudos.
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Muitos jovens preferem investir mais tempo em sua formação acadêmica, o que pode atrasar a independência financeira.
Além disso, fatores emocionais também desempenham um papel importante, como a proximidade familiar e o conforto de continuar vivendo com os pais.
Embora já possuam alguma estabilidade financeira, esses jovens preferem poupar recursos antes de assumir a responsabilidade de arcar com as despesas de uma casa própria.
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Muitos jovens dessa geração destacam a convivência harmoniosa com os pais, o que facilita a decisão de permanecer em casa por mais tempo.
Alguns preferem adiar a saída para se concentrar em outros projetos, como a realização de estudos ou viagens.
A liberdade de um adulto pode ser limitada pelas regras da casa, mas para muitos, as vantagens financeiras de morar com a família compensam essas pequenas limitações.
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O fenômeno é mais predominante entre homens, representando 60,2% dos casos, e ocorre principalmente na região Sudeste, onde o custo de vida é mais elevado.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os jovens dessa geração tendem a ser mais escolarizados do que aqueles que moram sozinhos.
Em 2015, por exemplo, 35,1% dos jovens que moravam com os pais possuíam ao menos o ensino superior incompleto, em comparação com 20,7% dos que viviam sozinhos.
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Além disso, muitos desses jovens continuam seus estudos ou buscam investir em viagens e bens de consumo, priorizando experiências ao invés de assumir responsabilidades financeiras de um aluguel.
A decisão de adiar a independência financeira também pode estar relacionada à mudança nas prioridades dos jovens.
Ao contrário do que acontecia até a década de 90, quando o casamento era uma etapa importante para marcar a transição para a vida adulta, atualmente muitos jovens preferem investir em suas carreiras ou em experiências pessoais, como viagens.
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Essa mudança de perspectiva pode estar refletindo uma reconfiguração dos valores sociais e culturais da juventude brasileira.
Embora a grande maioria dos jovens dessa geração esteja empregada, a escolha de permanecer em casa não está diretamente ligada à falta de trabalho.
Muitos optam por esse modelo de vida para garantir uma melhor preparação financeira e maior estabilidade antes de tomar a decisão de sair de casa.
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Alguns, por exemplo, optaram por continuar morando com os pais para investir em sua carreira acadêmica, aproveitando as condições financeiras favoráveis que a residência com a família proporciona.
Mesmo após conquistar maior estabilidade, decidiram continuar com seus pais até que investimentos como um imóvel fossem concretizados.
O comportamento de continuar morando com os pais, longe de ser uma imposição, é visto por muitos jovens como uma escolha consciente e estratégica.
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As pesquisadoras Barbara Cobo e Ana Lucia Saboia, do IBGE, apontam que a opção de adiar a saída de casa pode ser influenciada por uma combinação de fatores econômicos, psicológicos e até mesmo demográficos, como a queda da taxa de natalidade.
Para muitos, o conforto e o apoio familiar são fundamentais nesse processo de amadurecimento, e a saída de casa, quando ocorre, é muitas vezes relacionada a eventos como o casamento ou a concretização de projetos pessoais.
Com o tempo, é possível que esse fenômeno se torne uma característica mais pronunciada na sociedade brasileira, à medida que os jovens buscam maior estabilidade antes de se lançarem de forma plena à vida adulta.
A ‘geração canguru’ reflete, assim, uma realidade de um Brasil em que os jovens estão optando por prolongar o vínculo familiar para garantir um futuro mais seguro e com mais oportunidades de crescimento pessoal e profissional.