Quem está na maior parte das praias urbanas da cidade não consegue deixar de ver a montanha de concreto praticamente nos braços da cordilheira verdejante que pulsa vida / Lelo/Arquivo Pessoal
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O prédio símbolo de Peruíbe, cartão postal e referência para o bem ou para o mal completa 50 anos em 2024, se for considerado o anúncio divulgado pelo Jornal Correio Braziliense em 09 de setembro de 1973 e trazido pelo portal Editoria Livre / O Garoçá.
Naquela data e ano, a Construtora Quadrante divulgava a venda dos apartamentos no edifício conhecido como Prédio Redondo em duas partes.
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No Edifício Serra dos Itatins a previsão de entrega era para dezembro daquele ano, enquanto no Edifício Praia do Canto, a promessa era que os apartamentos fossem entregues no ano seguinte, isto é, em setembro de 1974, há exatos 50 anos, veja o que foi anunciado:
Na propaganda, eram anunciados apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios, área verde para recreação permanente, jardim suspenso, duas piscinas, garagens e todos os apartamentos de frente para o mar. Havia também, na divulgação, o nome de uma empresa de poço artesiano que oferecia água potável e tratada.
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“A Construtora Quadrante quando planejou este Edifício pensou em dar a você um lugar com fartura de ar ozonizado, próximo à Lama Negra, e uma magnífica paisagem de montanhas e praias. Tudo para você esquecer os tumultuados dias da semana”
O edifício Praia do Canto também oferecia a área verde e prometia que os jardins suspensos fariam inveja a Nabucodonosor. Saiba o que estava escrito no anúncio e o que o diferenciava do outro:
“Da janela do seu apartamento no Edifício Praia do Canto, você só vê mesmo o mar, o sol e as coisas boas que Deus criou. Você pode escolher apartamentos com 2, 3 ou até 4 dormitórios. Todos com sala, cozinha, banheiro e quarto de empregada, além da área de serviço, garagem e o fino acabamento que só a Quadrante é capaz de dar. O Edifício Praia do Canto é construído no lugar de maior valorização do litoral é mais um empreendimento de quem já construiu com sucesso os edifícios Serra dos Itatins e mais algumas dezenas de outros no litoral“.
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Como dito acima, o nome dado a um dos prédios é “Edifício Serra dos Itatins”, o que pode ser uma homenagem à Serra dos Itatins, verdadeiro símbolo de Peruíbe ou pode ser considerado ousado por supostamente competir com a linda montanha preservada. Disputando ou não, o fato é que quem está na maior parte das praias urbanas da cidade não consegue deixar de ver a montanha de concreto praticamente nos braços da cordilheira verdejante que pulsa vida.
Após a construção dele e do seu vizinho o “Belvedere” não há outras construções a altura no município. Vale lembrar que parte da população não quer construções do tipo na cidade e luta para manter as características atuais da urbe, enquanto outros querem que a cidade cresça e se desenvolva como fez Praia Grande, apesar de que é preciso aprender que a construção de prédios não significa necessariamente que a cidade é desenvolvida ou está se desenvolvendo.
O fato é que o “ prédio redondo” faz sombra na praia de Peruíbe após as 16 horas e, talvez por isso, há certa unanimidade, por enquanto, de não construir prédios entre a Avenida Padre Anchieta e a praia e discussões quando o local é fora deste perímetro. Mesmo assim, não é preciso um olhar apurado para perceber novos prédios surgindo em várias partes da cidade e modificando aos poucos a paisagem conhecida.
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A tal área verde prometida antes da inauguração do prédio e tão necessária nos dias de hoje está bem escassa, enquanto o jardim suspenso que faria inveja a Nabucodonosor nem existe mais. Não há mais piscinas e faltam árvores ao longo dos prédios. As poucas que existiam e eram cenário de um espetáculo protagonizado pelos pássaros, que faziam uma algazarra ao entardecer, foram cortadas desabrigando os passarinhos.
Ainda assim, o prédio continua como símbolo, cartão postal e talvez a maior referência da cidade. Isto por enquanto, pois outros arranha-céus estão surgindo e podem roubar a luz solar do antigo empreendimento ou simplesmente roubar a luz solar.
Essa reportagem contou com o auxílio do Professor de História da Rede Pública e Mestre em História Social pela FFLCH/USP, Fábio Ribeiro.
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