O animal em questão é um tipo de lesma do mar, pelágico, que pertence ao grupo dos moluscos nudibrânquios / Foto Gemany Caetano
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Pequeno, azul e muito bonito, o Dragão azul (Glaucus atlanticus) foi encontrado mais uma vez na praia do Guaraú, em Peruíbe, pela bióloga Gemany Caetano, no último domingo.
O animal é alvo da pesquisa que ela realiza pela Universidade de São Paulo, cujos resultados em breve estarão disponíveis. Na ocasião do achado, o exemplar encontrava-se morto, infelizmente.
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Outra aparição rara foi da borboleta “Evenus regalis”, que foi fotografada na zona rural de Peruíbe.
No começo do ano, uma bióloga fotografou a Perereca-da-moldura praticamente na casa dela, em Peruíbe.
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O animal em questão é um tipo de lesma do mar, pelágico, que pertence ao grupo dos moluscos nudibrânquios, da família Glaucidae, sendo a única espécie conhecida do género Glaucus. Medem, em média, de 3 a 4 cm de comprimento.
Quando encalham na areia não são capazes de retornar ao mar e acabam morrendo na faixa de areia devido a ação do sol ou mesmo por predação de outros organismos.
Podem ser encontrados nas águas temperadas e tropicais de todos os oceanos, onde estão o litoral brasileiro, as costas leste e sul da África do Sul, as águas europeias, a costa leste da Austrália, as costas de Moçambique, dos Açores, entre outros lugares.
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Nos mares, eles armazenam oxigênio no estômago para se manterem na superfície, onde permanecem de cabeça para baixo, com a região ventral azul voltada para o lado de cima. Se alimentam de cnidários como a caravela (Physalia physalis), os hidrozoários Velella velella e Porpita porpita, e moluscos pelágicos como Janthina janthina. Há relatos de comportamento canibal, quando predam exemplares da própria espécie.
É uma espécie hermafrodita, isto é, possuem órgãos sexuais masculinos e femininos. Outra curiosidade é que a espécie demonstra imunidade ao veneno da caravela portuguesa e ainda seleciona e armazena as toxinas ingeridas para seu próprio uso. Por isso, e apesar de não ser venenosa, ela pode queimar a pele de quem a toca.
A bióloga pesquisadora, Gemany Caetano, disse que faz pelo menos dois anos que não encontrava um exemplar desta espécie e acredita que ela deve ter chegado até a praia devido a ressaca que ocorreu nos últimos dias, visto que o animal se move pela ação dos ventos e correntes marinhas. Aproveitou para falar um pouco da importância ecológica do Dragão Azul.
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“A importância ecológica dele envolve o controle populacional de presas, além de servir de alimento para aves e outros animais marinhos como a tartaruga cabeçuda (Caretta caretta). É um animal carismático, portanto pode se considerar que traz um benefício para a população. Ao se alimentar de cnidários, ele utiliza os nematocistos de suas presas para sua própria defesa, podendo ficar algum resquício na superfície do animal, portanto não devem ser manuseados.
Os nudibrânquios se destacam na natureza por exibirem cores e formas surpreendentes, infelizmente são animais pouco conhecidos pela população brasileira, pois existem cerca de 3.000 espécies deles no mundo. No Brasil, a fauna abrange cerca de 126 espécies, conforme o Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira”, disse ela.
Gemany Caetano é do laboratório de malacologia do museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, orientada pelo professor Doutor Luiz Ricardo Lopes de Simone.
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