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Muito além da engenharia e da beleza arquitetônica, esse cartão-postal da cidade carrega a memória de quem o protegeu com devoção diária
Quando a ponte foi inaugurada, em 1914, Besson já era muito mais que um operário / Divulgação/PMSV
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Durante mais de 30 anos, um homem simples e determinado fez da Ponte Pênsil de São Vicente não apenas um cartão-postal da cidade, mas também parte da sua própria história de vida. Fernando Besson, imigrante francês que chegou ao Brasil ainda jovem, dedicou décadas ao cuidado e preservação de um dos principais símbolos do litoral paulista.
Muito além da engenharia e da beleza arquitetônica, a Ponte Pênsil carrega a memória de quem a protegeu com devoção diária.
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Nascido na França em 1874, Besson imigrou para o Brasil aos 16 anos e encontrou em São Vicente não apenas um lar, mas uma missão: cuidar da ponte como se fosse parte de sua família.
Fernando Besson começou a trabalhar na obra em 1910, durante a construção da ponte. A partir dali, sua ligação com o local se tornou definitiva.
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Quando a ponte foi inaugurada, em 1914, Besson já era muito mais que um operário: foi nomeado oficialmente como Guardião da Ponte Pênsil.
Com coragem e cuidado, ele subia pelos cabos de aço, combatia os efeitos da maresia, fazia reparos constantes e ainda impedia que jovens se arriscassem saltando no canal.
Tudo isso com firmeza, mas também com bom humor, tornando-se uma figura conhecida e respeitada pelos moradores.
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Em reconhecimento ao seu trabalho, em 1927, a prefeitura da cidade autorizou a construção de uma moradia especialmente para ele, bem próxima à ponte. De lá, Besson seguia atento, dia e noite, zelando pelo local que já considerava parte de si.
Para Fernando Besson, cuidar da Ponte Pênsil era mais que um trabalho. Era um compromisso pessoal.
Em uma entrevista concedida em 1937, ele chegou a afirmar que não pensava em se afastar da ponte até o fim da vida. Essa ligação afetiva e o senso de responsabilidade foram marcas registradas de sua trajetória.
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Seu legado atravessou gerações. Seu bisneto, Flávio Fernandes, se dedica a manter viva essa história dentro da família e na memória da cidade.
Para ele, o exemplo deixado pelo bisavô mostra que, mesmo um trabalho silencioso, feito longe dos holofotes, pode ter um impacto profundo quando realizado com amor e responsabilidade.
Hoje, a Ponte Pênsil continua a ligar São Vicente ao seu passado e presente. Mas também carrega a lembrança de um homem que soube, com simplicidade e valores inabaláveis, ser o guardião de um dos maiores patrimônios da cidade.
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Relembrar a trajetória de Fernando Besson é mais do que um resgate histórico. É um convite a reconhecer a importância dos que constroem, preservam e cuidam, mesmo sem grandes reconhecimentos, dos lugares que marcam a identidade de uma cidade.
Assim como ele fez, todos podem ser guardiões do que importa. E em São Vicente, o nome de Fernando Besson permanece vivo, assim como a ponte que ele tanto amou.