Foto com caráter apenas ilustrativo dentro do tema da reportagem / Foto de Pixabay/Pexels
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Quinta-feira, 03 de setembro de 1998. O vazamento em uma casa de bombas ao lado do famoso tanque 66 da Ilha Barnabé (apelidada na região de "barril de pólvora") causou pânico em muitas pessoas que moram na Baixada Santista, principalmente em Santos, Cubatão e Guarujá.
Existia ali o risco deste tanque explodir e, assim, acontecer um efeito dominó, explodindo também outras centenas deles, afinal de contas, a ilha acumulava, na época, mais de 170 milhões de litros de líquidos altamente inflamáveis.
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A população fica tensa e, alguns, cogitam mudar de cidade imediatamente. Há um nervosismo velado. Mas, de fato, essa catástrofe pode acontecer?
Para quem não se recorda, a Ilha Barnabé fica no estuário do Porto de Santos e, desde 1930 funciona como o maior depósito de produtos químicos e inflamáveis do Brasil.
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Mas, voltando a 1998, o incêndio começou por volta de 12h20 daquele 03 de setembro, quando um caminhão-tanque recebia 70 toneladas de diciclopentadieno (DCPD), um produto altamente inflamável. A explosão pode ser ouvida em Santos, Guarujá e Cubatão. O fogo só foi controlado uma hora e meia depois, quando uma segunda explosão, segundo os bombeiros da época, também tinha ocorrido. O prejuízo ficou com o meio-ambiente, flora e fauna do canal do Porto e manguezais.
Segundo especialistas que deram dezenas de entrevistas à imprensa na época, o risco de uma explosão na Ilha Barnabé com potencial para mandar pelos ares algumas cidades da Baixada Santista não existe. O perigo maior - e bem possível - é a inalação de gases tóxicos pela população, o que colocaria em risco de morte os idosos, crianças pequenas e pessoas com problemas alérgicos graves, asma, bronquite e demais doenças pulmonares.
Rogério Migueis Picado, engenheiro químico e de segurança, disse que uma explosão na Ilha Barnabé só afetaria as cidades vizinhas se os produtos químicos ali armazenados estivessem sob um depósito de pressão, o que não acontece.
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O engenheiro industrial e de segurança, Élio Lopes dos Santos, que também é perito do Ministério Público Estadual (MPE), confirma o que disse Picado, afirmando que nenhuma cidade voaria pelos ares, mas que as nuvens formadas com gases tóxicos representariam um grande perigo às pessoas de toda a Baixada Santista e, a depender da direção e força dos ventos, até para regiões um pouco mais distantes.
Ainda não se sabe como o pânico relacionado aos riscos de explosões na Ilha Barnabé se espalhou entre os moradores das cidades citadas, mas é inegável que falar desse lugar com muitos que moram no litoral é causar neles uma certa apreensão.
Por isso, o assunto é, sempre que possível, evitado, mesmo com a palavra de especialistas sobre a segurança operacional da ilha.
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