Josefina Bakhita curou o diabetes de uma mulher em Santos, no litoral de SP / Foto de Anna Shvets/Pexels
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O Papa Francisco, que até o fechamento desse texto seguia hospitalizado em estado grave tratando uma infecção pulmonar, sempre que tem a oportunidade em seus discursos de perdão e superação fala de Josefina Bakhita, santa canonizada pela Igreja Católica nos anos 2000 após curar uma moradora de Santos do diabetes tipo 2, a mais perigosa e agressiva forma da doença.
Bakhita nasceu no Sudão, na África, em 1869 e morreu na Itália em 1947. Quando criança, por volta dos 7 anos, foi raptada e escravizada por muitos anos, passando pelos mais cruéis métodos de tortura.
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As sessões de espancamento eram constantes e a menina, muito magra e fragilizada pela violência, chegou a ter problemas de memória e esquecer seu próprio nome. Por isso ela foi chamada de Bakhita, que significa afortunada.
Traficada por vários homens, a hoje santa chegou a ser declarada como propriedade de um oficial do exército otomano, que ordenou que seu corpo fosse inteiramente marcado por riscos profundos de uma navalha. Foram mais de 60 "desenhos" espalhados por sua barriga, braços e seios.
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Para ser considerada santa era preciso que Josefina Bakhita fizesse um milagre. E isso aconteceu em Santos, no litoral de São Paulo, em 27 de maio de 1992. A moradora Eva da Costa Onishi , que havia sido diagnosticada com diabetes tipo 2 anos antes, sofria com complicações da doença em todo o corpo.
Em maio de 1992 Onishi foi avisada por seus médicos que deveria amputar uma das pernas, e sofria com outras feridas e problemas de pele causados pela doença, como infecções recorrentes profundas e dolorosas.
Ela, então, decide ir até a igreja e lá encontra outras mulheres que falavam sobre a vida de Bakhita. Muito impactada com a história e o sofrimento da mulher, Onishi passa a rezar e pedir à Bakhita por sua cura, citando semelhanças com a sua história. Menos de 24 horas depois as feridas e infecções em suas pernas regrediram consideravelmente e a glicemia alta e descontrolada não aparecia mais em seus exames.
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Bakhita foi a primeira africana proclamada santa, e isso ocorreu em 2000, quando o Papa João Paulo II reconheceu o milagre ocorrido no litoral de SP oito anos antes.
Sempre que pode, em seus discursos, o Papa Francisco fala sobre Josefina Bakhita e sua história de sofrimento, renascimento e esperança, principalmente quando aborda temas como o tráfico humano no mundo.
“Esta é a carícia que ela nos ensina: humanizar. Quando entramos na lógica da luta, da divisão entre nós, de sentimentos ruins, uns contra outros, perdemos humanidade. Muitas vezes pensamos que precisamos de humanidade, ser mais humanos. Isto é o que nos ensina Santa Bakhita: humanizar, humanizar a nós mesmos e humanizar os outros", disse Francisco recentemente, antes de adoecer.
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Hoje existem capelas que homenageiam a santa em Praia Grande, Barretos e em Santos.