Diário Mais
A Jiboia-do-ribeira só ocorre no sul do Estado de São Paulo, numa extensão calculada de 1.257 quilômetros quadrados e não se sabe se há fragmentação da população
A cobra é considerada rara, ameaçada de extinção e muito difícil de ser encontrada na natureza / Bruno Rocha/Arquivo Pessoal
Continua depois da publicidade
Você sabia que bem pertinho do litoral de São Paulo existe uma jiboia rara que só existe em um pequeno trecho do Vale do Ribeira - pelo que se sabe - e que existem pouquíssimos registros desta espécie que é conhecida desde 1953, data do primeiro registro.
Pois é, isso é verdade.
Continua depois da publicidade
Endêmica do Brasil, a Jiboia-do-ribeira (Corallus cropanii) só ocorre no sul do Estado de São Paulo, numa extensão calculada de 1.257 quilômetros quadrados e não se sabe se há fragmentação da população. Acredita-se que existam menos de 1000 indivíduos maduros, por isso ela é considerada rara, ameaçada de extinção e muito difícil de ser encontrada na natureza.
Não venenosa, foi descrita em 1953 pelo herpetólogo, Alphonse Richard Hoge, do Instituto Butantan, com base em um único exemplar, levado vivo até ele por um morador de Miracatu e, desde então, pesquisadores buscam por outros exemplares da mesma espécie. Em 2013 e 2014, uma busca foi realizada pela região, mas nenhum indivíduo da espécie foi encontrado, mesmo com 150 dias de procura.
Continua depois da publicidade
Os registros conhecidos dela, são: O segundo em 1969, em Pedro de Toledo. O terceiro foi em 1978 de origem duvidosa, vindo de um trem de Santos. O quarto foi em Eldorado, em 2002. O quinto (2009), o sexto (2016) e o sétimo (2017) são de Guapiruvu, bairro do município de Sete Barras.
O último registro conhecido aconteceu em outubro de 2020, também em Sete Barras. Desde então, não se tem mais notícias desta espécie.
Em 2023, uma notícia veiculada pela Fundação Florestal relata que um exemplar macho da jiboia-do-ribeira (Corallus cropanii) foi reintegrada à natureza no entorno do Parque Estadual Intervales, em janeiro. O animal havia sido resgatado pela equipe de vigilantes da Unidade de conservação, que observou um movimento suspeito de um morador do entorno saindo da mata. Após investigação local, a equipe encontrou o animal em uma caixa na residência da pessoa.
Continua depois da publicidade
A notícia fala que foi implantado um rádio transmissor nele e cita que o mesmo foi feito com uma outra jiboia-do-ribeira que está em estudo desde 2021, uma fêmea que foi batizada de Esperança. Com isso, eles serão monitorados por especialistas, com o suporte da equipe do Parque Intervales e da Comunidade Guapiruvu, possibilitando o entendimento dos hábitos alimentares e reprodutivos, além dos padrões de deslocamento nas copas das árvores.
As análises já obtidas do monitoramento da Esperança, indicam que se trata de uma espécie arborícola, que permanece todo o tempo acima dos 13 metros de altura, na cobertura superior da floresta formada pelas copas das árvores. Com a reintegração do macho, o objetivo é observar se há diferenças de comportamento entre fêmea e macho.
A notícia disponível no portal citado não diz onde estes animais foram coletados e nem se são novos registros, além daqueles descritos acima. A reportagem entrou em contato com um dos pesquisadores da espécie e outros especialistas, mas ainda não obteve resposta. Essa matéria pode ser atualizada, caso alguém queira se manifestar.
Continua depois da publicidade
Caso o visitante aviste um animal silvestre, recomenda-se não tentar capturá-lo e evitar fornecer alimentos ou água para eles, pois tais atitudes podem contribuir para descaracterizar a percepção do animal em relação aos humanos, tornando-o alvo fácil ao tráfico de animais, além de outros problemas comportamentais.
Como os registros desta serpente são de Miracatu, Eldorado, Sete Barras e também Pedro de Toledo, pode ser que essa serpente exista em parte da Juréia, por ter um rio com ligação ao Vale, ou nos fundões da Armando Cunha, estrada rural de Peruíbe onde está o Rio Guanhanhã, que corre para o Rio Ribeira.