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Reportagem do Diário do Litoral experimentou a iguaria nordestina e conversou com a comerciante premiada pelo prato
Farofa de tanajura é um prato tipicamente nordestino e rico em proteínas / Luana Fernandes/DL
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Subindo a Rua 8 do histórico bairro Fabril, em Cubatão, é possível encontrar um pedacinho do Nordeste. Lá, o quintal da pernambucana Maria Francisca da Silva Lima, de 66 anos, carinhosamente chamada de Dona Piquena, funciona como bar, restaurante, Casa do Norte e até palco para aquele forró dos bons. Foi neste cenário que a reportagem do Diário do Litoral experimentou, pela primeira vez, a famosa farofa de tanajura.
Sim. Você não leu errado. O prato de atta cephalotes - a conhecida formiga tanajura - é nordestino, mas é uma herança dos costumes indígenas. Uma das iguarias mais tradicionais do Nordeste também virou um dos pratos mais pedidos pelos clientes da Dona Piquena.
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“Só tem tanajura em janeiro, mas tem gente que já encomenda. Quando chega é uma loucura. Tenho clientes em toda a Região”, explica a comerciante, que traz o inseto diretamente de Pernambuco. Por lá, 1kg de formiga tanajura - rica em proteínas - custa, aproximadamente, R$ 150.
A farofa de tanajura é uma tradição familiar para Piquena. E foi por querer perpetuar estes costumes entre os seus que a comerciante - que está em Cubatão há mais de 40 anos - incluiu o prato em seu cardápio. Até o neto, de 3 anos, já come a iguaria. “Ele come de tudo. Quis trazer o que aprendi lá no Nordeste para cá, mostrar como eu vivia para o meu filho e minha família”, comenta.
O prato é famoso em Cubatão. Na extinta festa “Danado de Bom”, festival que celebrava a cultura nordestina tão presente na Cidade, a farofa de tanajura da Dona Piquena foi premiada como o melhor prato nordestino da Região. Durante o evento, a história da pernambucana foi exaltada.
Maria Francisca nasceu na cidade de Bezerros, em Pernambuco, município famoso por seu carnaval e os papangus mascarados que desfilam nos dias de folia. Desde criança, trabalhou na roça, carpindo, fazendo carvão e cuidando das criações. Aos 23 anos de idade, dona Piquena embarcou com o marido em uma Brasília amarela com destino a Cubatão.
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Ao chegar ao Município, a pernambucana e o marido moraram na Rua Espanha, no Jardim Casqueiro, em um imóvel alugado. Pouco tempo depois, mudaram-se para o Pinheiro do Miranda, onde vivem até hoje. Seu marido, Severino, trabalhou por algum tempo nas indústrias do polo industrial e decidiu, ao mesmo tempo, montar um bar que se tornou um ponto de referência do bairro.
E foi assim que Dona Piquena descobriu seu talento para cozinha. Com refeições inspiradas na culinária nordestina, conseguiu fregueses fiéis que se deslocam de bairros distantes e até outras cidades só para saborear receitas especiais, como o feijão de corda, sarapatel e a famosa farofa de tanajura. “Eu amo Cubatão. Aqui fui bem acolhida trazendo um pouco do que aprendi na minha terra”, orgulha-se.
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