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Conheça a ave que quer dominar o mundo e se espalhou pelo litoral de SP

Se você não viu, ao menos deve ter passado bem pertinho dele, sem perceber

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário

Publicado em 13/08/2024 às 14:15

Atualizado em 29/08/2024 às 08:08

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O estado de conservação do Tapicuru está classificado como pouco preocupante / Bianca Brodowsky

O Tapicuru (Phimosus infuscatus) se espalhou por toda a Baixada Santista e é muito provável que você já viu um deles por aí, seja a caminho da escola ou trabalho. Se você não viu, ao menos deve ter passado bem pertinho dele, sem perceber.  Eles estão em todas as cidades e parecem dispostos a dominar o mundo.

Ah, não conhece? Então, preste atenção: Ele é uma ave de porte grande, se comparado com um Bem-te-vi. Tem o bico longo, fino, ligeiramente curvado e de cor amarelo alaranjado que contrasta com o corpo negro. Veja também os parentes dela que existem no País.

Está bem fácil de ver e até em Santos tem, mas não vá pensando que era “molezinha” ver o bicho como nos dias atuais, não. O Tapicuru não dava essa “sopa” que dá hoje e de acordo com os observadores de aves, ele começou a se espalhar pela região no período após a pandemia. 

Renee Leutz Lopes de Oliveira é Bióloga e membro do Clube de Observadores de Aves de Santos (COA Santos) e falou que é mais fácil observá-lo nos Jardins da Orla, isso para quem está em Santos. Assim como muita gente, ela tenta entender o que fez essa ave se espalhar pela região.
 
“Aqui em Santos, eles começaram a aparecer com mais frequência após o período de pandemia, principalmente nos Jardins da Orla. Em conversa com meu amigo, Leonardo Casadei, cogitamos o fato da “ausência” humana fazê-los dominarem as ruas da Baixada Santista”. 

A bióloga disse também que o aparecimento dos tapicurus por essas bandas parece estar diretamente relacionado ao desmatamento e falou do registro da espécie em regiões que antes não ocorriam:

“Em Santa Catarina, por exemplo, o aumento populacional vem acontecendo em locais nos quais a Floresta Ombrófila deu lugar às pastagens e campos de arroz, favorecendo, de certa forma, a distribuição da espécie. Embora pareça muito interessante e “bonitinho” avistar uma espécie nova com cada vez mais frequência, nem sempre é positivo, uma vez que está, infelizmente, ligada à degradação ambiental”

Vale lembrar que o Leonardo Casadei, citado por ela, é autor do guia de campo “Aves da costa da Mata Atlântica” que teve a sua primeira edição lançada em 2020. São 312 páginas de encher os olhos e com dicas de locais para observar aves na baixada (Expressão & Arte Editora).

No outro extremo da Baixada, o biólogo e ornitólogo, Bruno Lima, também falou que a espécie está presente em praticamente todos os lugares de Peruíbe e também tenta entender o motivo que fez com que a ave se destacasse: 

“Eles começaram a ficar mais comuns durante a pandemia e é possível encontra-los no jardim da praia, gramados, valas e campos de futebol. Como tem mais áreas abertas e desmatadas, essa espécie vai se espalhando. ”

O também biólogo e guia de observação de aves, Miguel Malta Magro, que mora em Santo André, disse que a ave também se espalhou pela sua cidade e tem uma teoria interessante a respeito da aparição em massa da espécie. Além de também citar o desmatamento, ele disse que a ave pode ter pegado um nicho que as outras aves da família, como o Curicaca (Theristicus caudatus) e o Coró-coró (Mesembrinibis cayennensis) não pegaram:

“Quando o Tapicuru chegou na cidade, ele acabou se adaptando para um nicho onde nenhuma outra ave da família dele é adaptada, então ele não concorre com ninguém, não compete com ninguém, não tem um significativo para conter a população. Como é uma ave grande, ele acaba se reproduzindo muito rapidamente e tem uma oferta de alimento muito grande também, porque os vermes dos quais ele se alimenta, os passeriformes e outras aves urbanas não conseguem alcançar a profundidade que o Tapicuru consegue."

Estado de conservação

O estado de conservação do Tapicuru está classificado como pouco preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas. Pode ser encontrado, além do Brasil, na Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. Quiçá, em breve, pousado no sofá da sua casa, diante do grande número de avistamentos.

Birdwatching

O birdwatching (observação de pássaros) está crescendo em todo o país e há na região excelentes pontos para observar variadas espécies. Por conta disso, muitas passarinhadas acontecem ao longo dos meses e elas são ideais para quem quiser voar neste mundo maravilhoso de cores, cantos e sons.

COA Santos

O COA Santos realiza todos os meses atividades de observação em diferentes locais da cidade, como a própria Orla da Praia, Jardim Botânico, Orquidário e praças. O intuito deles é levar a prática da observação e o conhecimento sobre aves ao maior número de pessoas possíveis. As saídas são gratuitas e abertas a todos os apaixonados pelos seres alados. As publicações acontecem no instagram @coa.santos. 

GOA Peruíbe

O Grupo de Observadores de Aves de Peruíbe (GOA Peruíbe) tem saídas oficiais todo segundo sábado do mês e outras saídas entre essas datas. As saídas são focadas em ensinar quem ainda está aprendendo a observação de aves, reunir quem já realiza essa atividade e ressaltar a ética na observação.

IV Festival das Aves Costeiras

No dia 12/09, Peruíbe vai receber o título como Primeira Cidade das Aves do Brasil e, nesta mesma data, vai ser a abertura do “IV Festival de Aves Costeiras do Litoral Paulista”, que terá banda, música, artesanato, palestras, exposições e muito mais. 

Em breve, o Diário do Litoral conta tudo para você.

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