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'Círculos de fadas' despertam curiosidade ao redor do mundo; descubra o que são

Uma pesquisa recente utilizou Inteligência Artificial para explorar padrões semelhantes aos 'círculos de fadas' em áreas áridas e semiáridas de mais de 15 países

Luna Almeida

Publicado em 27/12/2024 às 16:33

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A origem e formação dessas estruturas continuam envoltas em mistério / Reprodução

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Conhecidos como ‘círculos de fadas’, esses círculos simétricos, com uma depressão central e bordas formadas por pequenas elevações de areia, são um fenômeno peculiar encontrado nas paisagens áridas da Namíbia e do interior da Austrália Ocidental. 

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Apesar de décadas de estudo, a origem e formação dessas estruturas continuam envoltas em mistério, o que levou cientistas a ampliar a busca por respostas para além dessas regiões específicas.

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Uma pesquisa recente utilizou Inteligência Artificial (IA) para explorar padrões semelhantes aos 'círculos de fadas' em áreas áridas e semiáridas de mais de 15 países espalhados por três continentes. 

A equipe analisou padrões de vegetação utilizando imagens de satélite, desenvolvendo um modelo capaz de identificar essas formações em terrenos de diversas características. 

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Antes disso, a IA foi treinada com mais de 15 mil imagens, divididas entre fotos de regiões que apresentavam os círculos e outras que não.

Após o treinamento, os pesquisadores aplicaram o modelo em mais de 575 mil porções de terra, cada uma com aproximadamente 10 mil metros quadrados. 

A análise automatizada revelou semelhanças em forma, tamanho e densidade com os círculos encontrados na Namíbia e Austrália. 

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No entanto, foi necessário um trabalho manual para excluir elementos artificiais ou naturais que não correspondiam ao fenômeno, refinando os resultados e selecionando 263 imagens de regiões como o Sahel, o Saara Ocidental, Madagascar e o centro-oeste da Ásia.

Os dados ambientais dos locais identificados mostraram que os círculos tendem a surgir em solos extremamente secos e arenosos, caracterizados por altos níveis de alcalinidade e baixa concentração de nitrogênio. 

Além disso, os pesquisadores concluíram que essas formações podem desempenhar um papel importante na estabilidade ecológica das áreas onde aparecem. 

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Eles ajudam a proteger o ecossistema contra eventos extremos, como enchentes e secas, aumentando a resiliência do ambiente.

A pesquisa amplia o entendimento sobre os 'círculos de fadas', mostrando que eles não estão restritos às regiões tradicionalmente conhecidas. 

A descoberta abre novas possibilidades para o estudo de fenômenos naturais em paisagens áridas e levanta questões sobre o papel que essas formações desempenham na preservação e equilíbrio dos ecossistemas.

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Críticas

Fazer ciência é explorar teorias, testá-las e questioná-las constantemente, buscando avançar com base na dúvida. 

Nesse contexto, apesar de inovadora, a pesquisa da Universidade de Alicante gerou debates e levantou questionamentos no campo científico sobre os 'círculos de fadas'.

Estudiosos que investigaram o fenômeno na Namíbia destacam que os círculos possuem características específicas que os diferenciam de outros padrões semelhantes encontrados na natureza. 

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Um aspecto fundamental é o alto nível de ordenamento entre as formações, algo que serve como principal indicador para diferenciá-los de fenômenos naturais similares.

Um estudo anterior detalhou essas particularidades, evidenciando que os 'círculos de fadas' possuem um padrão espacial altamente periódico e ordenado. 

De acordo com essa linha de análise, os modelos apresentados pelo estudo recente ainda seriam insuficientes para comprovar a existência de fenômenos idênticos em outras regiões.

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Por outro lado, os autores da pesquisa defendem que não há uma definição única para os 'círculos de fadas'. 

A análise realizada utilizou métricas para medir individualmente cada formação e os padrões coletivos, que apresentaram semelhanças com parâmetros estabelecidos por estudos anteriores. 

Os pesquisadores argumentam que as características identificadas atendem aos critérios utilizados na literatura científica sobre o tema.

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Dos 263 locais identificados na pesquisa, alguns foram avaliados como consistentes com padrões registrados na Austrália. 

Especialistas que estudaram o fenômeno naquela região confirmaram que as distribuições encontradas são compatíveis com dados obtidos em estudos anteriores, reforçando a validade de parte dos resultados apresentados. 

Isso demonstra que, apesar das divergências, o tema continua sendo um campo fértil para investigações e debates científicos.

Origens

Os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre a origem dos chamados 'círculos de fadas'. A complexidade do fenômeno sugere que os fatores responsáveis por sua formação podem variar conforme o ambiente. 

Esse cenário foi observado tanto na Namíbia quanto na Austrália, onde diferentes hipóteses foram levantadas.
Na Namíbia, pesquisadores identificaram que condições climáticas específicas, combinadas com a vegetação local, poderiam ser responsáveis pela formação dos círculos. 

No entanto, estudos sugerem que a atividade de insetos, como cupins, frequentemente encontrados em zonas áridas, não desempenha um papel direto nesse processo.

Já na Austrália, os resultados apontaram para um cenário oposto. Pesquisas indicaram que a ação dos cupins está diretamente ligada à criação dos círculos. 

Povos aborígenes da região, que conhecem esses padrões há gerações, compartilharam informações valiosas sobre a dinâmica entre cupins, gramíneas, solo e água, reforçando a hipótese de que esses insetos desempenham um papel central no fenômeno.

Embora ainda não exista consenso, os pesquisadores permanecem otimistas. 

Eles esperam que as descobertas mais recentes sirvam como base para novos estudos ao redor do mundo, permitindo que cientistas explorem mais profundamente os padrões e desvendem os mistérios por trás dessas intrigantes formações naturais.

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