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Cientistas em alerta após primeiros casos de raiva em capivaras no litoral de SP

Este é apenas o terceiro relato de casos de raiva em capivaras no mundo, e o segundo no Brasil

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 20/11/2024 às 19:01

Atualizado em 20/11/2024 às 19:01

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As capivaras foram encontradas mortas na Ilha Anchieta, no município de Ubatuba / Foto de Joel Alencar/Pexels

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Três capivaras morreram, entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, em razão de encefalite causada pelo vírus da raiva. Os animais foram encontradas mortas na Ilha Anchieta, no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

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Duas das três capivaras apresentaram paralisia das patas traseiras antes de morrerem. A análises dos cérebros foram realizadas no Instituto Pasteur, em São Paulo, e determinaram a causa da morte.

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Este é apenas o terceiro relato de casos de raiva em capivaras no mundo, e o segundo no Brasil. Um estudo, apoiado pela FAPESP, foi publicado na revista Veterinary Research Communications e nele também foi detectado que a variante do vírus encontrada nos três animais é a mesma presente em morcegos-vampiros (Desmodus rotundus).

“Tem-se observado nos últimos anos um aumento no número de casos relatados de raiva em animais silvestres. Isso possivelmente está relacionado a distúrbios ambientais que desequilibram o ecossistema onde vivem os morcegos”, afirmou Enio Mori, pesquisador do Instituto Pasteur, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e coordenador do estudo.

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Outro caso recente foi o de um gambá infectado com o vírus, encontrado morto em Campinas.

Possível explicação

Os casos da Ilha Anchieta, um parque estadual de Ubatuba, ocorreram pouco depois de uma reforma nas ruínas existentes na ilha, em 2019, quando o telhado de uma construção foi reformado e os morcegos perderam temporariamente seus abrigos.

“Em momentos como esse, há grande estresse nas colônias e muitas brigas entre os morcegos. Com isso, podem passar raiva uns aos outros, aumentando as chances de transmiti-la para os animais silvestres dos quais eles se alimentam, como as capivaras”, conta Mori, que também é professor do Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).

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De modo geral, o desmatamento também contribui para o aumento dos casos de raiva. A diminuição do número de animais silvestres, que servem como fonte de alimento original para os morcegos-vampiros, faz com que estes busquem outros mamíferos, como animais domésticos ou até mesmo seres humanos, para se alimentarem. Isso aumenta o risco de transmissão da raiva para novos hospedeiros.

O artigo Rabies in free-ranging capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris) on Anchieta Island, Ubatuba, Brazil pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11259-024-10558-y.
 

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