O quilo do cação é vendido por um valor significativamente mais baixo do que muitos cortes de carne bovina / Léo Francini/Unifesp
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A carne de tubarão, popularmente conhecida como “cação”, está presente nos mercados e peixarias de todo o Brasil, mas a maioria dos consumidores desconhece sua verdadeira origem.
A falta de transparência na comercialização desse produto reflete um problema mais amplo: a dificuldade de identificar as espécies vendidas e os impactos ambientais dessa prática.
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O Brasil é atualmente o maior consumidor e importador mundial de carne de tubarão, uma realidade pouco divulgada para a população.
O que impulsiona esse mercado é, principalmente, o preço acessível do cação, tornando-se uma alternativa econômica em comparação a cortes bovinos e outras proteínas.
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Inclusive, recentemente, um especialista da USP, informou que praias do litoral de São Paulo são rotas para tubarões.
Nos grandes centros urbanos, como São Paulo, a carne de tubarão está amplamente disponível em feiras, mercados e supermercados. No Mercado Municipal de São Paulo, por exemplo, o quilo do cação é vendido por um valor significativamente mais baixo do que muitos cortes de carne bovina, o que contribui para sua popularização.
O setor movimenta grandes quantidades de carne todos os meses. Algumas indústrias relatam vendas de até 60 toneladas mensais, demonstrando a alta demanda pelo produto.
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No entanto, a origem e o tipo de tubarão consumido permanecem pouco esclarecidos. Muitos consumidores não fazem ideia de que estão consumindo carne de tubarão, pois os rótulos e informações fornecidas no comércio costumam ser genéricos e não especificam as espécies envolvidas.
A dificuldade em identificar as espécies comercializadas é um dos principais desafios do setor. De acordo com o IBAMA, 83% das espécies de tubarões e raias comercializadas no Brasil estão ameaçadas de extinção, incluindo espécies emblemáticas como o tubarão-martelo.
A pesca dessas espécies sem o devido controle pode causar um impacto ambiental severo, comprometendo o equilíbrio marinho.
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Além do consumo interno, o Brasil também enfrenta problemas relacionados ao tráfico de barbatanas de tubarão, impulsionado pela alta demanda do mercado asiático.
Recentemente, a Polícia Federal e o IBAMA apreenderam uma tonelada de barbatanas no Espírito Santo, incluindo 363 quilos de espécies ameaçadas de extinção.
Esse comércio ilegal agrava ainda mais a situação das populações de tubarões, muitas das quais já estão em declínio.
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