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Azeite vai ficar mais caro? Vai! Saiba o porquê e como se proteger

Saem as azeitonas portuguesas, entra a italiana. Confira o que vai mudar no azeite

Nilson Regalado, para a coluna Repórter da Terra

Publicado em 21/08/2024 às 12:30

Atualizado em 21/08/2024 às 12:30

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O azeite é um alimento associado à cultura mediterrânica / Foto de RDNE Stock project

Se você, prezado leitor, tem um paladar refinado, talvez já tenha percebido sutis diferenças no azeite que está consumindo. Isso porque as mudanças climáticas estão promovendo uma lenta, mas progressiva redução na profusão de sabores dos óleos produzidos às margens do Mar Mediterrâneo.

Sai o perfume de azeitonas galegas, verdeais e madurais, cultivadas há séculos em terras portuguesas e espanholas, entram as plantações intensivas e super intensivas. E a variedade arbequina invade especialmente a região do Alentejo, é mais produtiva e menos frágil.

Ela resiste bem ao calor e ao estresse hídrico, condições que se tornaram o ‘novo normal’ na Europa, onde a temperatura sobe 20% mais rápido que no resto do Planeta. E a ‘nova’ azeitona nas terras de Camões e de García Lorca chegou e continua a chegar pelas mãos de corporações que avançam sobre as quintas transferidas de pai para filho há gerações.

Apesar das variedades forasteiras ocuparem cada vez mais espaço na Península Ibérica, responsável por mais da metade da produção mundial, o mercado internacional terá um volume disponível menor na temporada 2023/24. Mesmo com mais oliveiras por hectare, o mundo enfrentará um déficit de 30% em relação ao volume de óleo disponível em 2020/21.

Cálculos do Conselho Oleícola Internacional (COI) revelados durante o 1º Congresso Mundial do Azeite a produção global caiu de 3,42 milhões de toneladas em 2021/22 para 2,57 milhões de toneladas em 2022/23. Durante o Congresso realizado no final de junho, em Madri, os 37 Estados-membros do COI projetaram que o volume disponível vai diminuir novamente em 2023/24, para 2,41 milhões de toneladas.

E essa escassez resultou na disparada dos preços no último ano-safra, oscilando entre um aumento de 50% e 70% na Europa, dependendo das variedades. Na Espanha, os preços chegaram a triplicar desde o início de 2021, para desespero dos consumidores.

A seca sem precedentes motivou os espanhóis a fazer até procissões entre os olivais, pedindo aos céus uma solução. Com fertilizantes e combustíveis mais caros, pequenos produtores saíram do mercado, repassando suas terras a grandes fazendeiros e corporações, especialmente na região da Andaluzia, ao sul da Espanha. E o produto passou a ser um dos mais furtados nos supermercados espanhóis.

Junto com a terra, tradições e identidade também são deixadas de lado em nome da rentabilidade das plantações mais adensadas, mais intensivas. E mais lucrativas. Nesta categoria, estão as azeitonas de origem italiana lecciana, arbequina e arbosana e as gregas koroneiki e sikitita. E não há estudos capazes de dimensionar os impactos para a saúde do solo nesses cultivos com tantas plantas no mesmo espaço.

Ao contrário das culturas sazonais, como feijão e milho, que estão mais associadas à agricultura industrial, a azeitona é uma cultura permanente. Como resultado, as oliveiras têm uma relação fundamentalmente diferente com o solo.

Apesar da crise nos últimos três anos, a produção quintuplicou na Europa desde o início do século 21 e as exportações são atualmente 12 vezes mais altas do que eram há 25 anos. Mas, os estoques mundiais estão próximos do chamado “elo zero”, ou seja, perto do menor estoque desde a temporada 2003/04, quando as reservas caíram abaixo de 170 mil litros.

Mas, não é só na Europa que as resistentes oliveiras têm sofrido com o clima. Maior produtor do Brasil, o Rio Grande do Sul, produziu 193,5 mil litros na safra 2023/24. O volume caiu 67% se comparado com a temporada anterior. Os dados foram apresentados em junho pela Secretaria da Agricultura do Estado.

Retarda envelhecimento

Está cientificamente demonstrado que o consumo de azeite, em doses moderadas, ajuda a uma correta digestão dos alimentos, a manter um nível adequado de colesterol no sangue e a diminuir o risco cardiovascular. Está igualmente associado a um aumento da capacidade antioxidante e anti-inflamatória.

Reduz risco cardiovascular

O azeite é um alimento associado à cultura mediterrânica, uma gordura de excelência e um ingrediente central da nossa gastronomia. Composto maioritariamente por ácidos gordos monoinsaturados, com predominância do ácido oleico, deve ser a principal fonte de gordura na nossa alimentação.

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