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Abandonado, hotel criado pelo Estado já abrigou momentos históricos em Peruíbe

O Hotel foi importante e imponente, principalmente se for considerado o tamanho do município de Peruíbe, recém emancipado na época

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário

Publicado em 15/04/2025 às 18:14

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Quando inaugurado, possuía 48 apartamentos - todos com vista para o mar / Márcio Ribeiro/DL

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Quem passa pela Avenida Padre Anchieta, em Peruíbe, já deve ter notado uma enorme construção abandonada, conhecida pelos moradores como Hotel Glória.

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A construção, que toma um quarteirão inteiro de uma área nobre da cidade, foi realizada pela secretaria de Turismo do Governo do estado e entregue pronto em 1976, quando passou a ser explorado pela FUMEST – Fomento de Urbanização e Melhoria das Estâncias.

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Para quem não sabe, o governo estadual tinha ações voltadas para o turismo, equipava as cidades e ainda exigia parceria dos municípios envolvidos com os setores da saúde, transportes e segurança, para que os turistas fossem bem tratados nas estâncias.

O Hotel foi importante e imponente, principalmente se for considerado o tamanho do município de Peruíbe, recém emancipado na época.

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Quando inaugurado, possuía 48 apartamentos - todos com vista para o mar - piscinas para adultos e crianças, sauna, duchas e previsão para instalações especiais para banhos com a famosa lama da região. 

Ainda, o espaço externo, contava com quadras poliesportivas e amplo espaço para passeio, inclusive no entorno do empreendimento. Tudo bem pertinho da praia.

A construção de empreendimentos do tipo tinha como objetivo desenvolver as estâncias balneárias e o turismo no estado. 

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Quando chegava o período de verão, havia uma operação que mobilizava todo o pessoal técnico e administrativo dos hotéis, no sentido de dar pleno atendimento - a partir do Natal e durante os meses de janeiro e fevereiro - à grande massa de turistas que se dirigiam às estâncias hidrominerais climáticas e balneárias do estado.

O esforço foi exigido no momento em que o então ditador-presidente, Ernesto Geisel, tomou medidas de restrição ao turismo externo, o que refletiu uma demanda a níveis insuportáveis nos equipamentos turísticos controlados pela FUMEST, que se mantinham durante o ano com pouco movimento, mas que ficavam lotados nas temporadas de férias.  

Além do Hotel Glória de Peruíbe, o governo do estado construiu hotéis em Águas de Lindóia, Amparo, Campos de Jordão, São Bento do Sapucaí, Águas de São Pedro, Nuporanga e Cananéia. 

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Projetou ou tinha planos de hotéis nas cidades de Poá, Ibirá, Santa Bárbara do Rio Pardo, Iguape, Cunha, Monte Alegre do Sul, Santa Rita do Passa Quatro e Analândia. 

A glória

O Peruíbe Hotel Glória, na época em que ficou ativo, foi palco de inúmeras reuniões importantes do Governo Federal e Estadual. Políticos, empresários e artistas também se hospedaram nele.

Em 1986, o local abrigou o Primeiro Congresso Nacional dos Trabalhadores no comércio de minérios e derivados do petróleo, onde mais de 100 dirigentes sindicais de todo o país se fizeram presentes. 

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Os trabalhos foram abertos pela secretária das relações de trabalho, Alda Marco Antônio, com a presença ilustre do Ministro do Trabalho, Almir Pazzianotto. O encontro foi importante por discutir problemas da categoria a níveis de congresso.

Já em 1979, representantes de 18 cidades do litoral paulista estiveram no Hotel Glória para o concurso de miss São Paulo, quando as misses desfilaram perante os jurados jornalistas.

As despesas da estada das postulantes a mais bela do estado ficou por conta da FUMEST, enquanto a coordenação do desfile foi de Rodolpho Pettená, diretor do Departamento de Turismo e Esporte de Peruíbe, naquela data.

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A queda

Quando planejava entregar para a iniciativa privada as rodovias Anchieta e Imigrantes, o levantamento solicitado pelo governador, Luiz Antônio Fleury, em 1994, que tinha como objetivo o processo de “privatização do estado de São Paulo”, rendeu uma grande surpresa: A descoberta que o estado mantinha a posse de 7 hotéis. 

Essa informação foi confirmada à época pelo assessor de privatização do estado, Omar Bittar, salientando que a ideia do governo era desfazer-se dos hotéis através de leilão ou de alienação através de licitação. 

“Quem fizer a melhor oferta leva o empreendimento”, frase dita na época.

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Mesmo que não fosse possível privatizar no atual governo, a ideia de Fleury era deixar tudo preparado para o próximo governante prosseguir com o processo de privatização, ação essa que incluía o Peruíbe Hotel Glória.

 O Presente

O espaço externo, contava com quadras poliesportivas e amplo espaço para passeio / Márcio Ribeiro/DL
O espaço externo, contava com quadras poliesportivas e amplo espaço para passeio / Márcio Ribeiro/DL
A propriedade pertence à Família Preto / Márcio Ribeiro/DL
A propriedade pertence à Família Preto / Márcio Ribeiro/DL
Políticos, empresários e artistas também se hospedaram nele / Márcio Ribeiro/DL
Políticos, empresários e artistas também se hospedaram nele / Márcio Ribeiro/DL
Atualmente, o local está abandonado, com mato alto e com sinais de pouca manutenção / Márcio Ribeiro/DL
Atualmente, o local está abandonado, com mato alto e com sinais de pouca manutenção / Márcio Ribeiro/DL
A entrada dos fundos está exposta e há sinais de vandalismo / Márcio Ribeiro/DL
A entrada dos fundos está exposta e há sinais de vandalismo / Márcio Ribeiro/DL
A quadra poliesportiva parece um bosque / Márcio Ribeiro/DL
A quadra poliesportiva parece um bosque / Márcio Ribeiro/DL
Fios grossos de eletricidade parecem cortados / Márcio Ribeiro/DL
Fios grossos de eletricidade parecem cortados / Márcio Ribeiro/DL
As tampas que cobrem as galerias por onde passam as águas das chuvas estão soltas / Márcio Ribeiro/DL
As tampas que cobrem as galerias por onde passam as águas das chuvas estão soltas / Márcio Ribeiro/DL
A construção de empreendimentos do tipo tinha como objetivo desenvolver as estâncias balneárias / Márcio Ribeiro/DL
A construção de empreendimentos do tipo tinha como objetivo desenvolver as estâncias balneárias / Márcio Ribeiro/DL
Quando inaugurado, possuía 48 apartamentos - todos com vista para o mar / Márcio Ribeiro/DL
Quando inaugurado, possuía 48 apartamentos - todos com vista para o mar / Márcio Ribeiro/DL

Atualmente, o local está abandonado, com mato alto e com sinais de pouca manutenção. 

A entrada dos fundos está exposta e há sinais de vandalismo. Fios grossos de eletricidade parecem cortados. A quadra poliesportiva parece um bosque por contas das árvores grandes que crescerem em seu interior. 

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As tampas que cobrem as galerias por onde passam as águas das chuvas estão soltas, caindo ou quebradas, um perigo para os pedestres.

De acordo com as placas pregadas nas árvores ao longo do imóvel, onde diz que é proibido a entrada, a propriedade pertence à Família Preto.

O Futuro

O local tem espaço suficiente para abrigar grandes empreendimentos, como uma Universidade Pública ou um Instituto Federal, por exemplo, um sonho de muitos da cidade e que beneficiaria a toda a região.

Essa reportagem contou com a ajuda do Professor de História da Rede Pública e Mestre em História Social pela FFLCH/USP, Fábio Ribeiro.

Essa matéria poderá ser atualizada caso os proprietários queiram se manifestar.

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