A lenda da Gangue do Palhaço causou medo e pavor no Brasil nos anos 90 / Foto de Kindel Media/Pexels
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"Flavinha, de 11 anos, tinha o hábito de sair da escola e aguardar por sua mãe na rua lateral, que era bem movimentada naquele horário. Era uma quarta-feira nublada quando a menina, com seus longos cabelos pretos e mochila vermelha nas costas, fez o mesmo ritual. Porém, sua mãe, por causa de um pneu furado da bicicleta, se atrasou.
Uma kombi azul, então, parou onde a pequena Flávia estava e, em poucos segundos, puxou a menina para dentro, arrancando em alta velocidade. Quem viu a cena conta que haviam no veículo três pessoas fantasiadas como palhaços sinistros e a motorista era uma mulher fantasiada de bailarina.
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Cerca de 3 semanas após o desaparecimento, o corpo de Flavinha é encontrado de bruços dentro de um córrego, sem nenhum órgão".
Relatos como este acima ganhavam cada vez mais força nos anos 90. Alguns programas de TV da época levaram delegados, pais, alunos e professores para falar sobre a "Gangue do Palhaço", que se tratava de um grupo de quatro pessoas que sequestravam crianças na porta ou arredores das escolas para vender seus órgãos no mercado clandestino.
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Ainda segundo os mesmos relatos, os corpos de algumas crianças nunca foram encontrados, já que elas foram enviadas para outros países em uma rede de prostituição infantil.
Será que a polícia chegou à identidade dos três homens vestidos de palhaço e da moça fantasiada de bailarina que, inicialmente, atacaram São Paulo, litoral e interior, seguindo, então, para outros estados brasileiros dentro de sua kombi azul?
O lendário e competente repórter Gil Gomes, que morreu em outubro de 2018, aos 78 anos, vítima de um câncer no fígado, foi um dos primeiros a divulgar e investigar o assunto.
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Jornalista, na época, do SBT, ele foi o primeiro a ouvir depoimentos de pais, professores, crianças e autoridades. E, categoricamente, disse em 5 de junho de 1995, em uma notícia que foi capa de um dos principais jornais do país (Notícias Populares") que "a gangue do palhaço" nunca existiu.
O delegado-geral de polícia naquele período, Antônio Carlos Machado, disse na mesma reportagem que "tudo não passava de um boato".
"Fizemos uma investigação aprofundada no estado (SP) todo, e isso nunca existiu", reforçou Machado.
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Esse tipo de história e devaneio acaba prejudicando a vida de quem trabalha como palhaço, seja em circos, festas e eventos. E é normal ver adultos que não gostam nem de se aproximar deles. O medo excessivo de palhaço tem até nome científico: coulrofobia.
Em 2016 um homem vestido de palhaço foi visto durante a noite em um bairro de Santos e assustou moradores.
*A narrativa e a personagem (Flavinha) citada no começo deste texto são ficcionais.
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