Projeto promove ações práticas e educativas de meio ambiente, como a criação de terrários, composteiras e adubo; alunos ministram oficinas e vendem produtos / Rodrigo Montaldi/DL
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“Quando trabalhamos com comunidades, entendemos a importância do diálogo, bem como as carências e os desejos da comunidade. Tínhamos, por exemplo, um contexto onde os alunos plantavam uma árvore em uma determinada praça. Passava um tempo e um morador queimava a raiz daquela árvore, pois já fazia parte da rotina dele queimar materiais naquela praça. Nós não tínhamos voz para proibi-lo de fazer aquilo.
Mas adaptamos um tambor e hoje a árvore está crescendo linda, sem nunca mais ter sofrido com as queimadas”.
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A fala é de Clivanir Mendes Cardoso, coordenadora do Projeto Cota Viva de preservação do meio ambiente. O contexto evidencia a principal ação do grupo: promover o surgimento da consciência da preservação e o cuidado ativo dos espaços públicos reurbanizados nos bairros-cota.
O Projeto foi lançado em 2013 pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) com o objetivo principal de disseminar a consciência ambiental entre aos moradores da Serra do Mar. Único projeto social que atua com crianças na região, o Cota Viva ensina valores de sustentabilidade, formando alunos multiplicadores para atuar na recuperação e na conservação dos ecossistemas existentes no morro, reflorestando áreas degradadas e promovendo ações práticas e educativas de meio ambiente, como a criação de terrários, composteiras e adubo.
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Nascido praticamente em uma das oficinas do Cota Viva, Rafael, filho de Ana Paula Campos, é uma das crianças mais atuantes do projeto. “Entrei em trabalho de parto aqui e brinco que ele nasceu inserido nesse contexto de preservação do meio ambiente. Hoje ele faz questão de dar aulas de meio ambiente na escola e até em oficinas que ministramos. Quando estou cozinhando ele já separa o que iria para o lixo comum e coloca na composteira. É muito gratificante”, conta a oficineira, que foi uma das primeiras alunas do Cota Viva.
Ao lado de outros 34 pessoas, ela atua como agente ambiental na região onde os moradores convivem com a Mata Atlântica. “É interessante ver a conscientização da população crescendo a cada ação nossa.
Conseguimos notar isso, por exemplo, na ação de limpeza das praças. Antes recolhíamos seis, sete sacos de lixo. Hoje diminuímos a quantidade de visitas e ainda assim o número foi reduzido para um, dois sacos. É muito bonito ver os moradores do entorno se conscientizando da importância de viver em um espaço mais verde”, afirma.
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Frequentando o projeto há um ano, Viviane Gomes conta que o Cota Viva, além de auxiliar no complemento da renda da família (por meio de oficinas e venda de produtos e adubo) também contribuiu para sua melhoria física e mental. “Hoje eu respiro verde. Parei de fumar e além de deixar de poluir o ar também melhorei minha saúde. Além da qualidade de vida adquiri conhecimentos e hoje sei que na natureza há vida, beleza e remédio”.
Ecologia da paisagem
O Cota Viva está inserido em um projeto maior, a ser tocado pela Secretaria de Habitação em uma parceria com a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). A proposta é promover a conservação de lotes de terra anteriormente ocupados por moradias irregulares e plantar nesses espaços produtos que posteriormente serão usados pelo Núcleo de Economia Solidária e Desenvolvimento Local (Nesdel).
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Um viveiro-escola, a ser construído na Cota 200, sediará também um conjunto de ações voltadas a formar agentes comunitários ambientais. Após 4 meses de curso teórico e prático, os participantes receberão certificado e estarão aptos a trabalhar, por exemplo, no próprio reflorestamento previsto pelo Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar. Deverão estar também envolvidos na implantação do futuro Jardim Botânico de Cubatão, no bairro da Água Fria.
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