Cubatão

Obras na Refinaria vão abrir 4 mil vagas no primeiro bimestre de 2024

Acordo vai reservar pelo menos três mil empregos para moradores da região na Refinaria Presidente Bernardes (RBPC)

Nilson Regalado

Publicado em 10/12/2023 às 07:36

Atualizado em 12/12/2023 às 12:56

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Será a 1ª do País dedicada à conversão de óleos vegetais em bioquerosene e diesel 100% renovável / Nair Bueno/ DL

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Um acordo de cavalheiros firmado entre lideranças políticas de Cubatão, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário da Baixada Santista (Sintracomos) e Petrobras vai reservar pelo menos três dos quatro mil empregos para moradores da região. Essas vagas serão abertas já no primeiro bimestre de 2024 e serão ocupadas por trabalhadores envolvidos na construção de uma nova unidade para produção de biocombustíveis na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC). As obras vão dobrar a quantidade de operários em atividade na RPBC, que hoje conta com aproximadamente 800 empregados e outros três mil terceirizados.

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A expectativa é que os novos contratos tenham duração aproximada de 36 meses, prazo estimado para conclusão das obras. O acordo começou a ser alinhavado durante encontro realizado há dois meses, na sede da empresa, em Cubatão. E estipula que as empreiteiras reservem 70% das mais de quatro mil vagas previstas para trabalhadores da Região Metropolitana. A seleção deve ser feita, entre outras fontes, através dos Postos de Atendimento ao Trabalhador (PAT).

Os cargos remanescentes, ou seja, os outros 30%, terão critério de seleção definido pelas próprias empreiteiras. Esse contingente deve ser formado por engenheiros e demais profissionais indisponíveis na Baixada Santista.

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"Essa é uma notícia que traz alegria e esperança para os trabalhadores da região", resume o diretor-tesoureiro do Sintracomos, Geraldino Cruz Nascimento.

"Trazer gente de fora sempre gera situações constrangedoras porque as empreiteiras alugam imóveis que servem de alojamento e colocam 20 pessoas onde caberiam quatro ou cinco", completa o diretor do Sintracomos. Segundo Nascimento, isso também acaba inflacionando os aluguéis em Cubatão.

Esses transtornos chegaram a motivar a discussão de um projeto na Câmara Municipal, que não prosperou por restrições legais. O Sintracomos também tentou incluir a cláusula em acordos e convenções coletivas, mas, historicamente, sempre houve resistência por parte das empreiteiras.

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Mas, desta vez, o acordo parece ter pacificado a situação: "Há um empenho gigantesco de todas as partes envolvidas. Essa é uma regra de conduta, uma diretriz da Petrobras", explica o diretor do Sintracomos.

"Dar prioridade para os trabalhadores da região é uma forma de garantir que a riqueza que produzimos seja distribuída entre nossos moradores. Aprendemos a duras penas que o crescimento desordenado tem consequências desastrosas", salienta César Nascimento, secretário de Governo da Prefeitura de Cubatão.

"Não somos contra a vinda de operários de outras partes do País, afinal Cubatão é uma cidade construída por trabalhadores de todo o Brasil, em especial do Nordeste, como a minha família. Mas, seria no mínimo controverso as indústrias da Cidade buscarem mão de obra de outras localidades sendo que temos trabalhadores preparados aqui mesmo", completa o secretário de Governo.

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PRIMEIRA DO PAÍS.

Essa será a primeira planta industrial do País dedicada exclusivamente à conversão de óleos vegetais em bioquerosene de aviação (BioQAV) e em diesel 100% renovável (Diesel R).

As obras estão incluídas no Plano Estratégico da Petrobras para os próximos cinco anos. O investimento será de US$ 600 milhões, algo em torno de R$ 3 bilhões. Esse será o maior aporte na RPBC em quatro décadas. O investimento foi anunciado com exclusividade por esta coluna em 29 de setembro.

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A nova planta vai processar 790 mil toneladas de óleos vegetais por ano e representa um marco na transformação da Petrobras em uma empresa mais diversificada no segmento de energia. A capacidade de produção será de seis mil barris por dia de bioquerosene de aviação e outros seis mil barris por dia de Diesel R. 

Nova unidade vai combater a emergência climática

O Programa BioRefino é um dos destaques do Plano Estratégico da Petrobras e projeta uma demanda crescente por combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). A partir de 2027, o setor estará sujeito a regras mais restritivas nos voos internacionais.

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Como desdobramento do Acordo de Paris, a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) determinou a introdução gradual de combustíveis sustentáveis pelas companhias aéreas. A ICAO reúne 191 países-membros e o Acordo de Paris foi assinado em 2015 durante a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP21.

O objetivo é conter as mudanças climáticas causadas principalmente pelo acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O CO2 é gerado a partir da queima de florestas e do uso de combustíveis fósseis, como gasolina, diesel, querosene de aviação e carvão.

E a nova geração de combustíveis sustentáveis, como o diesel renovável e o bioquerosene a serem produzidos na RPBC, têm potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90% em relação aos combustíveis derivados de petróleo.

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RBPC ESTRATÉGICA.

A refinaria de Cubatão foi escolhida para abrigar a nova unidade devido à proximidade com o mercado consumidor da Região Sudeste.

O Diesel R também é isento de enxofre, o que deve melhorar a qualidade do ar nas cidades com grandes frotas de ônibus e caminhões. A nova planta industrial produzirá ainda nafta 'verde', matéria-prima para os plásticos renováveis.

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A RPBC está em operação desde 1955 e foi a primeira grande refinaria construída no Brasil, resultado de um plano de investimentos no pós-guerra. Na época da inauguração, ela atendia 50% do mercado nacional de derivados de petróleo. Hoje, responde por 8%.

Na década de 1980, a Petrobras e outras indústrias do Pólo Petroquímico foram obrigadas a fazer investimentos bilionários devido aos altos níveis de poluição atmosférica, que provocavam até o nascimento de crianças anencéfalas em Cubatão. A concentração de gases criava o risco até de colapso nas encostas da Serra do Mar, com a ameaça de deslizamentos de grandes proporções devido à perda de vegetação.

Em fevereiro de 1984, a RPBC foi protagonista da tragédia da Vila Socó, incêndio que consumiu centenas de barracos e provocou a morte de 93 pessoas, segundo dados oficiais. Dados extra-oficiais sugerem mais de 500 vítimas fatais. O incêndio sem precedentes no mundo aconteceu após vazamento de 700 mil litros de gasolina pelo mangue onde estavam as palafitas.

Entre 2005 e 2010, a Petrobras voltou a investir na RPBC, com aporte de R$ 1,2 bilhão na modernização tecnológica das operações. Os serviços criaram oito mil empregos temporários.

Já no primeiro semestre de 2023, a Refinaria recebeu investimento de R$ 720 milhões na maior parada para manutenção de sua história. O serviço teve a participação de 6.500 pessoas.

A capacidade da Presidente Bernardes é de 178 mil barris/dia. A RPBC produz gasolina aditivada, óleo diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, combustível para navios, nafta e enxofre.

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