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Diário do Litoral - Qual o presente que o cubatense vai ganhar neste próximo ano?
Ademário Oliveira - Entregaremos equipamentos públicos importantes. O Poupatempo, por exemplo. Um equipamento de suma importância para o cidadão que precisa ir para cidades vizinhas para ser contemplado com serviços básicos. A macrodrenagem da Ilha Caraguatá também. A enchente assola o cidadão cubatense, porque a cidade não teve um planejamento urbano à altura. É triste dizer isso, mas os governantes não pensaram numa cota para a construção do bairro. Construíram em cima da cota zero.
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É comum também na Vila São José: as ruas enchem sem sequer chover. Então, acho que a macrodrenagem é uma entrega muito bacana para Ilha Caraguatá, Vila Nova e Vila São José. A escritura definitiva também é outro grande presente: da Vila Natal, do Caminho Dois e da Ilha Caraguatá, que já está em fase de registro. O processo da Ponte Nova também está bem encaminhado, inclusive com georreferenciamento pronto.
Outra grande entrega é a urbanização das duas maiores periferias da Cidade, que inicia este ano. Como é que você tem um conceito de cidade com as pessoas vivendo aos extremos? Acho que integrar a cidade é um dos maiores legados que nós vamos deixar. Tem também o AME, que as obras iniciam este ano.
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DL - E o que foi feito até aqui que seja motivo de orgulho para a Cidade?
Ademário - Eu assumi o Governo e o Hospital Modelo estava fechado. Não nascia mais uma criança em Cubatão. E, hoje, eu tenho muito orgulho de ver nascer cidadãos cubatenses. Além do Hospital de Alta Complexidade. É um orgulho você pegar aquele teatro, como era antes e, hoje, entrar ali e ver um centro de hemodiálise. Cubatão servindo a região. Porque dos 137 pacientes oncológicos, 93 são de cidades da Baixada. E mais: a gente custeando isso sozinho.
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Outro motivo de orgulho é o Bom Prato. É muito gratificante, em um momento de crise, as pessoas terem uma alimentação balanceada por R$ 1. São mil e oitocentas refeições diárias. Este equipamento é um dos maiores legados do governo tucano no Estado. Quando se fala em pior IDH, as pessoas pensam que é só no Nordeste. Mas, não. As pessoas pensam que por São Paulo ser rico não há pessoas passando fome, mas têm.
DL - Cubatão tem recebido muitos turistas interessados no ecoturismo. O que a Prefeitura tem feito nesta área?
Ademário - Nós fizemos e muito. E em tempo curto. Se nós tivéssemos uma sucessão de governantes que passassem o bastão com algo encaminhado neste sentido seria muito bom. Cubatão se tornou MIT (Município de Interesse Turístico) no nosso governo. Fazendo uma analogia, é como se Cubatão estivesse na segunda divisão para se tornar estância. Foi um avanço significativo e nós só fomos classificados assim por todo o trabalho que fizemos, mostrando para o Estado todo o potencial de turismo ecológico da cidade.
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O que avançou ainda mais foi o governador João Doria ter dado a Serra do Mar em concessão para a iniciativa privada. Inclusive abriu o portal por Cubatão. Antes, para visitar, você tinha que ir por cima. Hoje, com essa entrega para a iniciativa privada, eles investiram mais em publicidade. Tem final de semana que 400 pessoas sobem por aqui.
DL - É importante isso, não é, prefeito? Uma cidade que sofreu tanto com a poluição ser reconhecida com potencial para o ecoturismo?
Ademário - Exatamente. O objetivo principal é sermos classificados como uma estância, para que a cidade possa também participar da fatia dos recursos destinados para o turismo. A política do Estado está um pouco equivocada. Tem cidade do interior com três mil habitantes que é classificada como estância. É um absurdo, mas o critério não me cabe. O Estado precisa regulamentar. Tem muita interferência política e isso não é bom. Nós atendemos todos os requisitos.
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DL - Historicamente, Cubatão é uma terra de passagem para o Porto. Hoje, o que faz as empresas permanecerem e investirem no município?
Ademário - É a facilidade. Cubatão é privilegiada geograficamente, porque está a seis quilômetros do maior Porto da América e a 60 quilômetros da maior metrópole consumidora. Instalar-se aqui ainda é uma atração na questão logística. Aqui você tem também empresas do Polo Petroquímico que podem agregar muito valor aos subprodutos produzidos. A Braskem produz o plástico. Por que o plástico tem que ir para a capital para se transformar em acessórios automobilísticos? Tem a Copebrás, que fabrica o nego de fumo, matéria prima no pneu. A Pirelli compra aqui, a Goodyear, enfim.
Por que tem que subir a serra, sendo que uma delas pode se instalar aqui para produzir o seu subproduto? O Polo Petroquímico é riquíssimo e ainda é atrativo. Nós estamos combatendo, agora, essa facilidade logística. O pátio não emprega, não traz riquezas, só traz transtornos. Por isso, estamos aperfeiçoando a nossa legislação para que Cubatão não se transforme em banheiro químico do Porto de Santos.
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DL - A programação de aniversário está repleta de manifestações culturais. Esta é uma área importante para a Prefeitura?
Ademário - Sempre foi. O que Cubatão precisava era fazer algumas correções de vícios históricos. Não dá para se pensar em cultura e se restringir só a grupos artísticos. Era preciso ampliar essa discussão. Cubatão, por exemplo, tinha uma banda marcial e uma sinfônica, nem a Capital tem isso. Isso era plausível quando se tinha riqueza e, equivocadamente, fizeram. Poderia pensar na riqueza do Polo e não deixar, por exemplo, surgir uma Vila Esperança ou uma Vila dos Pescadores. Mas os governantes que sentaram aqui foram medíocres e não projetaram a cidade para o futuro. Não dava para Cubatão abraçar o mundo como vinha abraçando. Nós temos consciência e investimos muito em cultura, mas não nos moldes de antes.
DL - Você é filho adotivo de Cubatão. Como cidadão cubatense, o que você deseja para o futuro da Cidade?
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Ademário - Tenho muita gratidão por Cubatão. E o meu sonho é ter uma cidade mais justa, porque há uma discrepância enorme. A pouca classe média que nós temos, quando se aposenta, vai morar em Santos ou em Praia Grande. Então, sonho que Cubatão se torne uma cidade mais igualitária, uma cidade que seja orgulho para as pessoas. Esse sentimento de pertencimento que precisa ser resgatado. Não dá para o adolescente, por exemplo, pegar uma placa de carro e falar ‘vou licenciar em Santos, porque eu tenho vergonha de chegar na balada com a placa de Cubatão’.
Não dá mais para ir para o interior e escutar ‘Cubatão é a cidade que as crianças nascem sem cérebro’. Nós precisamos apagar isso. Cubatão precisa ganhar uma identidade para as pessoas terem orgulho. É o maior desafio, que é o meu maior sonho, e eu estou atuando para que isso aconteça, para que não seja só um sonho do governo de papel. Mas este resgate não se faz em seis anos. Não peguei o bastão de uma Praia Grande ou de uma Santos. Mas verdadeiramente, quero dizer ao cidadão de Cubatão que, nos próximos anos, se não tiver uma interrupção do que nós estamos implantando hoje, nós seremos a quarta cidade melhor pra se viver na Baixada Santista