Iniciativa poderá, em médio prazo, transformar Cubatão numa espécie de 'quintal' de Santos / Nair Bueno/DL
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Uma iniciativa que poderá, em médio prazo, transformar Cubatão numa espécie de ‘quintal’ de Santos, atingir uma área de manguezal que afetará um ecossistema muito importante para a flora e fauna marinha e, ainda, poluir o ar do Município que, com muito custo, conseguiu se livrar da pecha de cidade mais poluída do Mundo. Além disso, afetar a economia e prejudicar a mobilidade urbana de cerca de 60 mil moradores – quase a metade da população, estimada em 132 mil habitantes.
Essas são algumas tragédias anunciadas pelo corretor de imóveis e economista cubatense Carlos Gilberto de Freitas em relação a iniciativa da Autoridade Portuária de Santos (APS) de implantar, em parte da Ilha do Tatu, ao lado do Viaduto Mario Covas (ponte estaiada), por intermédio da iniciativa privada, um pátio de caminhões. Um investimento estimado em mais de R$ 3 bilhões.
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A APS irá ceder, de forma onerosa, uma área da União de 530 mil metros quadrados, sendo 100 mil destinados à construção do pátio de triagem de caminhões, condomínio logístico e atividades acessórias, com 800 vagas para estacionamento. O processo de licitação inicia-se no próximo dia 10, às 9 horas. O pátio contará com cerca de 800 vagas para caminhões que acessam os terminais portuários e retroportuários. Ele ficará junto ao Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).
“A cidade conquistou o Selo Verde da Organização das Nações Unidas (ONU) e muitas empresas poluidoras foram impedidas de vir para a cidade. Com esse pátio, a extinta ‘bolha’ de poluição atmosférica, que por décadas prejudicou Cubatão, pode voltar. Além disso, vai destruir uma área de mangue, berçário de muitas espécies, entre eles o Guará-Vermelho, símbolo da recuperação ambiental de Cubatão”, revela Freitas.
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O economista lembra que já está se pensando na construção da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes porque, entre outros motivos, a área de entorno do futuro pátio já é conhecida por ser um verdadeiro ‘gargalo’ de caminhões e carros.
“Um pátio neste local vai dificultar ainda mais o ir e vir de turistas. Se na temporada leva-se três horas para acessar a Baixada, eu prevejo que o tempo passará a ser oito horas, causando impacto econômico em todos os municípios, inclusive Santos”, argumenta.
Segundo acredita, para Cubatão, o impacto será desastroso e afetará a vida de, pelo menos, 60 mil pessoas que moram na Ilha Caraguatá, Jardim Casqueiro, Parque São Luís, Vila dos Pescadores, Bolsões e outros, que utilizam diariamente a interligação das rodovias Anchieta e Imigrantes como acesso aos bairros.
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“A única entrada para esses bairros é a pista. Imagina quando for necessária a intervenção de ambulâncias, bombeiros, transportadores de mercadorias para o comércio. E quando uma família tiver que sair emergencialmente do bairro? Sou corretor e sei que, somente com a notícia de implantação do pátio, os imóveis de Cubatão desvalorizaram entre 10 e 15%”, afirma.
Conforme apurado pelo Diário, a obra tem gerado expectativa negativa em muitas lideranças de Cubatão e, entre elas o prefeito Ademário de Oliveira (PSDB) e praticamente todos ao vereadores do Município.
“Estamos em um regime democrático. A população precisa ser ouvida e atendida. Não se muda a vida das pessoas deste jeito. Existe uma lei que permite o uso de área portuária mas, o que pode ser legal, pode ser imoral em função do impacto ambiental e social que um empreendimento pode causar”, lamenta.
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A APS já se manifestou em relação ao empreendimento. No entanto, consultada novamente, ‘bate na tecla’ da criação de vagas para caminhões em local que contará com sanitários, espaços para lazer, refeições, compras, entre outras facilidades, que permitam prestar um serviço confortável aos caminhoneiros de Cubatão e demais cidades que atuam no Porto de Santos.
Segundo a autoridade portuária, grande parte dos caminhoneiros é obrigada a estacionar em locais irregulares, inseguros e tais práticas intensificam os conflitos no trânsito e na relação Porto-Cidades.
“As opiniões e as perguntas estão sendo colhidas para as devidas respostas. APS cumprirá todas as exigências legais, como licenças ambientais e demais providências que evitem impactos negativos às pessoas e ao meio ambiente”, revela em nota.
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Ainda segundo a APS, o empreendimento proposto pretende trazer mais qualidade de vida aos moradores da Ilha Caraguatá, Jardim Casqueiro, Parque São Luís, Vila dos Pescadores, Bolsões e outros, que contarão com os serviços prestados no local.
A empresa ou consórcio vencedor terá obrigações de construir, além do pátio público, um regulador de caminhões. Também como obrigação dentro do contrato de concessão, o vencedor terá de construir uma via de acesso rodoviário interligando a Estrada Metalúrgico Ricardo Reis, conhecida como Estradão da Ilha, que pertence ao Município de Cubatão, com a interligação da Via Anchieta e Rodovia dos Imigrantes e suas demais conexões.
Conforme consta no edital, a empresa vencedora da licitação terá o prazo de até três anos, a contar da data de assunção (após assinatura de contrato com a APS), para disponibilizar a área, infraestrutura e as atividades de acordo com os parâmetros exigidos.
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