CUBATÃO

Confeiteira cubatense dá a receita do sucesso com doces

Com técnica e espontaneidade de sobra, confeiteira Bruna Ferreira conquista a internet

Da Reportagem

Publicado em 10/12/2022 às 09:00

Atualizado em 10/12/2022 às 12:20

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Em cada bolo, Bruna Ferreira inspira mulheres a seguirem na confeitaria. / Foto: Arquivo pessoal

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A jovem Bruna Ferreira provou desde cedo que veio ao mundo para fazer a diferença no ramo da confeitaria. A principal prova disso está no início de sua trajetória.

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Aos 12 anos, época em que as meninas da sua idade pensavam em apenas acompanhar novelas, ela já começava a empreender, depois da inspiração diária recebida na telinha de Palminha Onofre, que apresentava um programa de culinária no início da tarde na TV Gazeta de São Paulo.

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Aos 28 anos, Bruna possui mais de 150 mil seguidores em seu canal no YouTube, e um número superior a 126 mil em sua página no Instagram (ambos como Bruna Ferreira Confeitaria), frutos de muita técnica e espontaneidade de sobra.

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“Meu trabalho na internet é justamente o de inspirar essas mulheres que empreendem na área de confeitaria, trazendo uma palavra de incentivo, ensinando receitas e compartilhando técnicas de venda”, sintetiza.

O início foi vendendo bombons de chocolate com flocos de arroz, em uma receita que ela assistiu justamente no programa da Palmirinha. “Era algo muito simples, mas eu não tinha dinheiro para fazer. Fui nos meus pais. Nada. Cheguei na minha avó e expliquei o que eu queria fazer. Até que teve um dia em que ela chegou e falou para o meu tio. Eu nem queria isso. Do nada, ele apareceu perguntando da história do bombom, eu disse e ele me deu R$ 30,00”, relembra.

Depois de dicas de uma vendedora, no local onde comprou o chocolate para derreter, Bruna fez o doce e foi junto com a prima Ângela para a Avenida 9 de Abril, a principal de Cubatão, para vender. “Nunca vou esquecer: teve um homem de gravata que acabou comprando tudo. Ele disse que ia trocar o dinheiro. Até achei que ele não fosse comprar. Falei até que eu iria embora. Estava com medo. Mas comprou. Depois disso, comecei a vender na escola”, detalha.

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Apesar do começo promissor, o sonho da confeitaria adormeceu por alguns anos na vida de Bruna Ferreira. “Tentei mudar de área de todas as formas, mas eu sempre volto para a confeitaria. Não adianta. Retornei de fato com 20 anos”, afirma.

Primeiras vezes

A primeira encomenda, a de um bolo, só foi aceita depois de muitos treinos. E foi elogiada. Nessa mesma época, aconteceu a entrada no YouTube, com um diferencial importante. “Comecei a gravar e fui postando. E colocava o erro. Nisso começaram a ver bastante. Veja como são as pessoas: querem ver um negócio dar errado. Com isso, acabam se identificando”, observa.

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Nesse meio tempo, ela se formou técnica de nutrição dietética. “Tentei vender produtos fit. Professoras aprovaram, me ajudaram a elaborar uma marca e tudo o mais. Meu marido tinha acabado de se formar engenheiro de produção. Só que para a gente entrar no mercado não tínhamos verba nem um plano”, conta.

Os vídeos no YouTube voltaram. E, com o passar do tempo, veio a percepção de como seria o melhor jeito de se fazer. “Olhando de fora para o meu canal, é nítido que as meninas querem aprender.

E uma coisa que eu prezo muito na internet é a realidade. Sou mãe de duas crianças e um vídeo que mais viralizou no meu canal é um em que eu estava fazendo um bolo para vender no delivery e foi um caos. A Clarinha chorava no fundo, o Paulinho queria brincar e era pandemia, não tinha como sair, aquela loucura. A forma que eu trabalho e que eu passo na internet conecta muito. E eu demorei muito para entender isso.

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Porque eu achava que, para estar na internet, tinha que ser tudo certinho, bem robô. As pessoas vinham, viam a receita e não voltavam. Agora, quando eu comecei a criar uma ligação com elas, foi top demais. Outras mães também se identificaram”, detalha.

Empreendedorismo, técnicas e valorização

As receitas de bolo, por sinal, são as mais populares entre as seguidoras. E Bruna percebeu há pouco tempo que as sobremesas para vender em delivery, como as de pote, também chamam bastante a atenção. Justamente por serem artigos fáceis e rápidos de fazer, com preço baixo e grande procura.

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“Quem quer de verdade começa com R$ 0,50, como diz um amigo meu. E a gente coloca na cabeça das meninas que é possível sim, independentemente da situação financeira”, afirma a confeiteira.

No meio de tudo isso, entra o Projeto da Fortuna, que ela compartilha com mulheres de todo o Brasil, em que o desafio é formar uma espécie de 13º salário com o trabalho na área. Construir o dinheiro também faz parte diretamente desse processo, algo que ela também trata com frequência em seu canal.

A própria Bruna também conhece bem essa realidade porque foi vendedora em lojas de telefonia celular e estabelecimentos de cursos de computador, depois de sair do Camps (Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social), responsável por formar centenas de aprendizes para o mercado de trabalho.

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“Também sou formada em RH e ainda fiz seis meses de Administração, mas não deu muito certo, por não ser a minha praia. Então, eu tenho alguma experiência acadêmica em relação a isso. Digo que todo o dinheiro que entrar tem que ser separado em três partes iguais: uma é para nova compra de matéria-prima, outra é para se construir um fundo de caixa, que é um dinheiro reservado para futuras emergências, como comprar uma batedeira que queimou ou o botijão de gás que acabou, o que muitas nem sabiam, e a outra parte será o lucro. Só não pode gastar todo de cara”, explica.

Valorizar o produto e a venda dele são elementos fundamentais para o sucesso, lembra Bruna Ferreira. “A pessoa tem que tratar como negócio desde o início. Não importa se faz no fundo do quintal ou se tem só um produto. Há pessoas que vão vender na rua com aquele semblante de pedinte.

Não façam isso. Arrumem-se, coloquem seus docinhos no melhor pote que você tiver em casa e vamos ser animadas para vender. Você é pessoa jurídica, mesmo que não tenha ainda CNPJ”, recomenda. “Faça o seu e não olhe para o lado. Comece da forma certa, se planeje, se organize e vai dar certo”, emenda.

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Inspiração, qualificação e imaginação

A história vencedora de Bruna Ferreira inspira outras mulheres a fazerem o mesmo, seja com a criação de canais no YouTube com a mesma temática – a confeitaria – ou com a mudança de vida proporcionada pela profissão.

“Soube recentemente de duas histórias muito interessantes. Uma foi de uma mulher que é viúva há muito tempo e desempregada, que morava com um filho de 32 anos, malandro e que só se aproveitava dela, em uma relação tóxica.

Por causa de uma live que eu fiz, ela tomou iniciativa de sair de casa e foi morar sozinha, em um lugar muito escondido para esse filho não a descobrir. A outra foi de uma moça que teve AVC há cerca de dois anos e estava desmotivada. Ela conheceu o canal e isso deu forças para que ela voltasse a trabalhar, mesmo com sequelas que causam algumas limitações”, conta.

Fã dos realities shows de culinária, Bruna Ferreira começou recentemente o curso de Gastronomia na Unimonte, em Santos. “Tem um grupo de pessoas que entende que confeitaria é realmente uma profissão e que precisa de uma formação. E tem outro, o que domina, que se espanta ao saber que precisa estudar para ser confeiteira.

Eu quis fazer gastronomia mais pela questão da profissionalização mesmo. Quando você quer exercer uma profissão para passar conhecimento adiante, acho que é extremamente necessário e fundamental que a pessoa saiba o que está falando e fazendo, por uma questão de credibilidade e comprometimento”, afirma.

Dentro disso, Bruna disponibiliza para venda e-books ligados à área, com receitas, possui um curso para Páscoa já validado, assim como o Master Cake, um de confeitaria mesmo. “Ele é totalmente profissional. E meu público é muito carente. Portanto, teria que começar do ponto zero para levar ao cem. E ele já começa no ponto cem. Ele está guardadinho a sete chaves e ele vai retornar. É a especialização do curso de especialização”, explica.

Em meio à trajetória de sucesso, a confeiteira faz um exercício de imaginação, tomando contato com aquela Bruna que tinha 12 anos, começava a vender bombons com flocos de arroz na principal avenida de Cubatão e que teve todo o seu primeiro estoque adquirido por um homem de gravata.

“Eu falaria para ela: ‘Bruninha, não tenha medo desse homem que está te olhando. Ele vai comprar de você. Continue, persista e, lá na frente, você vai conseguir e vai viver da confeitaria”, conta. E a musa inspiradora Palmirinha? “Nunca falei com ela pessoalmente. Se me apresentam a ela, acho que eu ia passar mal de emoção”, brinca.

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