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Na balança, duas dúzias de banana e mais um chorinho custam R$ 5,60, mas o estivador Vanderlei Aparecido dos Santos Junior levou 26 bananas — 3,7 kg —, por R$ 3. “Eu tenho três filhos e compro banana toda semana, se tiver que comprar por quilo vou comprar menos porque o preço não compensa”, afirma o consumidor, complementando que a família consome duas dúzias em uma semana. Vanderlei pediu ao feirante que pesasse a sacola para comparar o preço da banana por quilo e por dúzia.
Na feira livre prevalece a lei da oferta e da procura, ou seja, venda por dúzia e não por peso. Cliente quer comprar banana “ao preço de banana” e, por isso, feirantes afirmam que ao cumprirem a lei estadual 13.174/2008, em vigor desde o dia 16 de setembro, tiveram prejuízo.
“As vendas caíram pela metade nos primeiros 15 dias em que a lei começou a valer”, afirma José Martins. “Tive prejuízo nos primeiros 15 dias, metade de 30 caixas encalhou e as bananas foram para o lixo”, comenta o feirante Ezequiel Gomes. De acordo com Ezequiel cada caixa tem em torno de 20 dúzias de bananas.
“Banana é a fruta mais consumida lá em casa. Se comprar por quilo a gente sai no prejuízo porque vem menos banana. Em vez de uma dúzia e um chorinho a gente leva de 7 a 8 bananas”, diz a dona de casa Terezinha de Jesus Santos da Silva.
“Estou levando 16 bananas Nanica por R$ 1,50. Se eu comprasse por quilo pagaria de R$ 2 a R$ 3 em 8 ou 9 bananas, não compensa”, afirma a dona de casa Romilda Toledo Mendes, que saboreava uma banana quando foi abordada pela reportagem.
A venda na bacia ainda é mais vantajosa para o consumidor. O padeiro Raimundo de Oliveira saiu da barraca com 20 bananas. ”Eu compro toda quarta-feira, e em grande quantidade pra fazer vitamina, doce”.
Na banca de Claiton Silvano, consumidoras compravam a fruta por dúzia e na bacia. “Ninguém compra por quilo e eu vendo tanto a dúzia da Nanica quanto a bacia, por R$ 1”.
José Martins afirma que a lei não beneficia nem o cliente, nem o feirante. “Ninguém compra por quilo. Se vender por quilo o freguês vai embora”. Porém, a lei atende à reivindicação dos produtores do Estado de São Paulo. Em princípio, a lei regulamenta e padroniza a comercialização da banana “in natura”. Até então a fruta era vendida em caixas de 21 kg, sem um controle da quantidade do produto na caixa.
Recentemente, a Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira (Abavar) estimou que os prejuízos chegam a R$ 50 milhões por ano para os produtores. A produção da banana é responsável por 80% da economia do Vale do Ribeira.
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