16 de Setembro de 2024 • 12:53
Cotidiano
A droga se tornou um contaminante emergente na região e já afeta organismos marinhos, como ostras e mexilhões
No vídeo, o problema é relatado pelo biólogo Camilo Dias Seabra / Reprodução/YouTube
Um vídeo, divulgado pela Agência Fapesp, mostra a coleta de ostras e mexilhões na baía de Santos. O mar santista tem sido afetado pela presença da cocaína. A droga, hoje, está presente não só na água, mas também em sedimentos nestes organismos marinhos. No vídeo, o problema é relatado pelo biólogo Camilo Dias Seabra, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O grupo liderado por Seabra e colegas da Universidade Santa Cecília (Unisanta) identificou pela primeira vez, em 2017, o acúmulo de cocaína e outras substâncias derivadas de remédios em água superficial na baía de Santos.
Além de poluentes oriundos das atividades portuária, industrial e do esgoto doméstico, os pesquisadores encontraram em amostras o ibuprofeno, paracetamol e o diclofenaco, entre outros medicamentos, além de cocaína em concentração equivalente à da cafeína.
Isso é considerado um indicador tradicional de contaminação porque, além de ser consumida por meio de bebidas como café, chá e refrigerantes, está presente em vários medicamentos.
Essas descobertas se baseiam em estudos geoquímicos feitos em testemunhos de sedimento estuarino. No vídeo é possível acompanhar como é feita a coleta dessas amostras e de animais na região do emissário submarino da baía de Santos.
Assista ao vídeo da Agência Fapesp:
Segundo Camilo Seabra, a partir desses estudos, foi possível estimar que a cocaína passou a se acumular no estuário de Santos a partir da década de 1930, mas as concentrações da droga na região saltaram nas últimas décadas.
Algumas das explicações para esse aumento é que a região é uma das principais rotas de tráfico da droga da América do Sul para a Europa. Além disso, a região, a exemplo de outras no país e no mundo, enfrenta o problema do aumento de usuários de drogas ilícitas, como a própria cocaína e o crack.
Outros problemas na região são a falta de tratamento de esgoto, o uso de crack e outras drogas e riscos à segurança pública. A fim de entender melhor a magnitude desses problemas, os pesquisadores pretendem iniciar um programa epidemiológico baseado em águas residuais para identificar o consumo de drogas.
Um dos objetivos de programas como esse é contribuir para a detecção de problemas de saúde da população relacionados não só a drogas ilícitas, mas também álcool e tabagismo.
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