Cotidiano
Parte mais independente do parlamento santista está inconformada pelo uso irregular da corporação flagrado pelo DL. Sérgio Santana desperta sobre possível uso indevido
Continua depois da publicidade
As duas reportagens exclusivas denunciando que a Guarda Municipal de Santos estaria sendo utilizada irregularmente – resguardando prédios particulares e até casamentos na Igreja do Embaré, entre outros eventos – causou indignação para alguns vereadores do Município. Esta semana, eles devem protocolar requerimentos e pedidos de explicação ao governo Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Há leitores que estão entrando em contato com a Redação.
Os parlamentares não se conformam pelo fato de que em muitos próprios públicos não existe a mesma atenção dada aos empresários santistas. A Reportagem descobriu esta semana que um vereador já havia observado o uso indevido da guarda, mas ele preferiu manter sua identidade sob sigilo porque a publicidade antecipada poderá atrapalhar suas investigações.
É importante lembrar que a Guarda tem obrigação somente de resguardar prédios públicos, porque é paga com o dinheiro do contribuinte. No entanto, foi flagrada pela Reportagem trabalhando para empresários na Rua Viscondessa do Embaré, no Centro da Cidade. Um leitor enviou também um vídeo mostrando equipes no entorno de uma cerimônia de casamento.
“Isso que está acontecendo é muito sério e precisa ser apurado. A Guarda vive um déficit de efetivo. As unidades básicas de saúde vivem sendo assaltadas pelas facilidades em função da falta de um guarda. Vou fazer um pronunciamento cobrando o Executivo e acionar nossa Comissão de Segurança, que deve convocar o secretário de Segurança do Município (coronel Sérgio Del Bel)”, afirma Adilson dos Santos Júnior (PT).
Continua depois da publicidade
Douglas Gonçalves (DEM) disse estar abismado com a falta de cuidado com as atribuições da corporação. “Eu vivo pedindo guardas nas feiras livres e em próprios públicos. As policlínicas estão sem guardas. A da Zona Noroeste, por exemplo, foi assaltada. Uso da guarda para segurança privada é uma afronta e uma enganação ao santista, que paga seus impostos, exige retorno e, principalmente, respeito”, revela o vereador, alertando que não adianta propagar que existe um efetivo de 500 guardas, mas utilizados de forma equivocada. “Del Bel deve explicações à população. Esses casos são graves”, completa.
O vereador Evaldo Stanislau (Rede) ratifica que a Guarda tem que proteger os próprios públicos municipais e os funcionários. “Tenho queixas de médicos e enfermeiros que são ameaçados. Há furtos de equipamentos dos prédios. Essa reportagem mostra um desvio inaceitável e injustificável de função. Usar um servidor público para guardar um bem privado não tem explicação”.
Continua depois da publicidade
Marcelo Del Bosco (PPS) ficou surpreso com a riqueza de detalhes da reportagem do Diário. “A Câmara vai pedir explicações à altura. Não é admissível que se use dinheiro público em benefício particular. Alguns vereadores já estão se reunindo e estão preocupados com esse episódio. A sociedade vai exigir respostas. Essa mensagem (reportagem) do DL será usada para requerimentos”, disse.
Confusão entre público e privado
O presidente da Comissão de Segurança da Câmara, Sérgio Santana (PR), revelou que foi conversar pessoalmente com o secretário Del Bel. Porém, à Reportagem, apresentou uma versão um pouco confusa em relação ao que é público e privado. “Nos pontos abordados pela reportagem existem contratos com empresas que possam estar sendo prejudicadas. Moradores de rua estariam tentando furtar os equipamentos (das empresas particulares)”, acusa o vereador.
Continua depois da publicidade
O parlamentar completou tornando sua explanação mais complexa: “existe uma ligação entre Prefeitura e as empresas que estão fazendo esse tipo de trabalho (de segurança). A Guarda foi acionada via monitoramento e foi averiguar dando cobertura necessária para que não exista crime, que é o furto. A Guarda faz um trabalho ostensivo e preventivo, atendendo denúncias. Se tiver algum questionamento dos demais vereadores, farei a defesa prévia”.
Maçons também seriam beneficiados
A Prefeitura nega a ação privada. Porém, além do flagrante do DL e do vídeo encaminhado à redação sobre o casamento, há informações de que o trabalho irregular estaria também contemplando templos maçônicos, eventos sociais e políticos de pessoas ligadas à Administração.
Continua depois da publicidade
Na Rua Viscondessa do Embaré, o Diário conseguiu flagrar, em diversos horários – de dia e à noite – a atividade defendida por Santana. Uma viatura, com dois guardas municipais, foi flagrada de prontidão 24 horas. Não há qualquer patrimônio público na via, senão imóveis particulares.
Segundo informações exclusivas obtidas pelo Diário por intermédio de guardas inconformados com a obrigação de cuidar de bens particulares, as ordens são dadas ‘de boca’ (informalmente) pelo Subcomando da Corporação, com provável anuência de superiores. Outro lugar denunciado foi a Rua Zeonor Paiva Magalhães, no Chico de Paula, em que guardas seriam utilizados para resguardar uma empresa de segurança.
Além da vigilância, os denunciantes alertam que a GM vem recebendo ordens para ‘limpar as áreas’ de moradores de rua que incomodam empresários. “Não se fala em pagamento para alguém da Prefeitura. O que parece ocorrer é uma troca de favores. Alguém está ganhando com tudo isso e não os guardas”, disse um dos denunciantes.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade