MARINHA

Verba para capacitação de portuários deve cair para 1,5% do valor arrecadado em 2024

Fundo do Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo deverá arrecadar mais R$ 264 milhões neste ano

Nilson Regalado

Publicado em 19/11/2024 às 06:30

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Ontem, a Marinha afirmou que "vem buscando classificar o Ensino Profissional Marítimo como despesa obrigatória relacionada na Lei de Diretrizes Orçamentárias" / Divulgação/Porto de Santos

Continua depois da publicidade

A Marinha do Brasil pretende mudar o status da verba arrecadada pelo Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo. Atualmente, esse recurso tem caráter discricionário. Isso significa que ele entra no caixa único e não é ‘carimbado’. Ou seja, ele pode ser usado ou não para o fim que motivou sua arrecadação.

Ontem, a Marinha afirmou que “vem buscando classificar o Ensino Profissional Marítimo como despesa obrigatória relacionada na Lei de Diretrizes Orçamentárias”. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Sem o caráter discricionário atual, essa verba ficaria “livre da concorrência com as demais despesas da Força Naval, bem como das limitações de execução ao longo dos exercícios financeiros”. A projeção da Marinha é que o investimento na capacitação dos portuários represente apenas 1,21% do que será arrecadado em 2024.

Continua depois da publicidade

Conforme informação exclusiva publicada no último domingo pelo Diário do Litoral, o Fundo fechou 2023 com um patrimônio líquido de R$ 660,9 milhões. Só em juros e encargos sobre empréstimos concedidos, o Fundo que deveria capacitar trabalhadores avulsos dos portos faturou R$ 56,8 milhões em 2023. No primeiro trimestre de 2024, essa rubrica rendeu mais R$ 17,7 milhões. Toda essa verba é administrada pelo Comando da Marinha e os dados constam do Balanço Patrimonial elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional.

Porém, segundo o presidente da patronal Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino, apenas “4% do que o Fundo arrecada acaba sendo investido, efetivamente, na capacitação dos portuários avulsos”.

Continua depois da publicidade

Aquino também considerou que essa “baixa aplicação é grave problema do setor portuário” e também propôs “o direcionamento de recursos de treinamentos para o Sistema SEST/SENAT”.

As críticas foram feitas durante audiência pública realizada em maio pela Comissão de Juristas para Revisão Legal da Exploração de Portos e Instalações Portuárias foi formalmente criada por iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados (Ceportos).

O anteprojeto com as conclusões do Ceportos foi formalmente ao presidente da Câmara, Arthur Lyra (PP/AL), no início deste mês. Entre outras propostas, o documento sugere o fim de quatro categorias nos portos brasileiros: conferentes de carga e descarga, consertadores, trabalhadores de bloco e vigias portuários.

Continua depois da publicidade

Outra sugestão que afeta os trabalhadores avulsos é o fim da exclusividade do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) na escala dos portuários e a possibilidade de terceirização dos serviços hoje executados por estivadores e demais categorias de avulsos. Essas mudanças enfrentam a resistência dos portuários, que já realizaram uma greve de advertência de 12 horas, além de manifestações em vários portos brasileiros durante o mês de outubro. 

Lei orçamentária

A Marinha do Brasil informou ontem que “a Lei Orçamentária Anual do ano de 2023 para o Fundo do Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo previa uma receita de aproximadamente R$ 200 milhões”. Porém, “foi arrecadado cerca de R$ 235 milhões”. A Força Naval informou ainda que “para o ano de 2024, as receitas previstas na Lei Orçamentária orbitam na casa de R$ 264 milhões”.

Segundo o Centro de Comunicação Social da Marinha, “no ano de 2023, foram empregados na capacitação de trabalhadores portuários avulsos o valor de R$3.064.856,00. Para o ano de 2024, estima-se um investimento de cerca R$3,2 milhões”. Tal valor corresponde à arrecadação total do Fundo.

Continua depois da publicidade

Para este ano, o Programa do Ensino Profissional Marítimo para os Portuários (PREPOM) previa a realização de 121 cursos e 36 treinamentos “ostensivos”. A programação previa a oferta de 1.852 vagas.

Aprovado em dezembro do ano passado pelo vice-almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho, o PREPOM define que “o Ensino Profissional Marítimo para Portuários tem, como premissa básica, a formação e qualificação profissional do trabalhador portuário avulso, habilitando-o para o exercício das atividades referentes à operação portuária”.

Para os trabalhadores do cais santista, a projeção era de 25 cursos ao longo de 2024, a serem ministrados pelo OGMO Santos. No total, seriam 570 vagas disponíveis. E uma das exigências é que os interessados na capacitação tenham ao menos dez anos de registro ou cadastro atestado pelo OGMO.

Continua depois da publicidade

Dentre os cursos projetados para Santos em 2024, 15 versam sobre segurança e saúde no trabalho portuário (CESSTP), três são dirigidos a interessados em operar tratores e pás carregadeiras (COTPC), três à operação de empilhadeiras de pequeno porte (COEPP) e outros três ao trabalho com escavadeira hidráulica (COEH). 

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software